mercredi 11 avril 2007

Sobre Paradise Now, por e-mail.




ele pergunta: E o que achou de Paradise Now?


Respondo: Eu não poderia ter assistido Paradise Now em melhor momento. Sabe tudo que eu disse, no dia do filme aqui em casa, sobre carnificina gratuita?
Pois bem, paradise now é foda, emociona, deixa a gente nervoso, apreensivo, torcendo por um desfecho que não acontece e no entanto o que não desejamos acontece de maneira simplista, linda e sem deixar de mandar o recado e causar o mesmo desconforto. Ah! e claro, tudo sem uma única gota de sangue. Não precisamos deixar a violência entrar na nossa sala, comprar violência, alugar pra acompanhar a pipoca, assinar ou sair de casa e pagar uma fortuna por ela, para saber que ela existe e ficar indignado com os acontecimentos.
Bom, como opção vou procurar ser mais vegetariano com filmes e na medida do possível com a tv tb. Assim como a nudez banalizada, a carnificina exacerbada tb perde a graça e se torna habitual. E o que me deixa mais besta é que além da violência real, exibida nas tvs e reconstituída nos filmes, ainda existem as ficcionais que fazem o maior sucesso, como o filme que vimos aquele dia! Bestialidades gratuitas e despropositais. As personagens pouco apresentadas a nós, naquele filme, poderiam ter se fortalecido ou enlouquecido psicologicamente em outras situações. Não falo só dos monstros horrorosos, o que foi aquela cena do acidente de carro? Eu poderia viver perfeitamente sem aquela cena. Tb tenho me revoltado com cenas recentes da tv, que acho até que já comentei contigo, do braço dependurado de um jogador de futebol e do acidente de corrida em que um cavalo morreu na hora com o pescoço quebrado e outros 2 tiveram que ser sacrificados. Pq a tv tem que mostrar isso? Tenho certeza que se tivessem conseguido um vídeo do João Hélio sendo arrastado, seria a imagem mais exibida desta segunda metade da atual década. Esses questionamentos me invadem agora, mas sei que não sou o único a pensar nisso. Nem muito menos o primeiro. Enfim, chega de escrever, vc tem que trabalhar.
Bjãozão


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Pós-escrita + Contra-indicação.




O filme que me refiro é O Abismo do medo. Não recomendo há qualquer espécie dotada de grande capacidade emocional.Tb não recomendo o igualmente dispensável A Caverna (um plágio mal-feito do primeiro aí de cima).
Quanto aos jornais impressos e televisivos é importante consumi-los com moderação.não hesite em mudar de canal ou desligar a tv.
Mas se vc gosta de ver tragédias e carnificinas o problema é seu. cada um gasta seu tempo e dinheiro com suas idiotices e besteiras.





Pós-postagem:
Enquanto editava a configuração do texto me peguei pensando em imagens violentas e chocantes que permearam a minha infância e talvez tenham sido vistas por vocês.
Falo do acidente que levou nosso grande piloto Ayrton Senna à morte e tb das fotos do acidente aéreo que nos tirou os, então fenômenos pop, Mamonas Assassinas. Tão grande é a falta de respeito pela vida, tanto a própria quanto a alheia, que em vez de dar valor a ela, cultuamos a morte. E não me refiro a mortes serenas e naturais, mas sim a morte trágica.
Até que ponto esse canibalismo visual é benéfico? Pq os malefícios me parecem, numa análise muito superficial (confesso), bem visíveis. Tudo que vemos, ouvimos ou temos contato com um dos 5 sentidos, compõe nossa biblioteca da vida. E tal qual crianças, que inicialmente repetem atitudes e comportamentos alheios (ou as únicas referências que compõe sua biblioteca), nós, mais crescidinhos, não estamos livres de a qualquer hora [re]agir a situações análogas as que permeiam nossa bagagem, de maneira igual a captada anteriormente. Por isso penso que se os meios de cumunicação conseguiram sua liberdade de expressão, nós o público, temos que ter um mínimo de censura na aquisição das informações. A mesma liberdade que há para mostrar, há para ver. Não é à toa que temos pálpebras.

4 commentaires:

  1. a gorjeta pode ser em verso? então visite perolasaosporcosbl e ... abaixo a gramática na poesia
    gostei do seu blog e vou me atualizar sobre cinema aqui...

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  2. Obrigada fico feliz em receber visitas e compartilhar devaneios, medidos ou não. A propósito, seu nome é mesmo Zéfiro? É um belo nome.

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  3. aah, sim, gostei muito de "em narciso", tema inesgotável...

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  4. Ce commentaire a été supprimé par un administrateur du blog.

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