mardi 27 mars 2012

avulsos soluços.



eu sou aquele que quer acender o cigarro e ligar o ar condicionado ao mesmo tempo.


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para ascender, acenda!




para sorrir, mova-se!


para chorar, gire!


para correr, pergunte-se!


para tocar, ame!


para gritar, respire!


para amar, descubra-se!


para deixar, crie!


para durar, reinvente-se!


para bagunçar, procure!


para perder, apaixone-se!


para contar, viva! 


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como posso amar
se giro num compasso de ilusões?


no outono me crio, no inverno me afio, na primavera me amo e no verão me julgo.


no outono, crio. no inverno, afio. na primavera, amo. no verão, recuo.


no outono, penso. no inverno, existo. na primavera, envelheço, no verão morro.


no outono, acaso.  no inverno, mormaço. na primavera, 


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o caso do ocaso mal resolvido.


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me termino por começar um indizível fazer de estúpida crença num nada amordaçado por um pedaço de uva verde de um pé de falácias.


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caminho num sonho morto por quase 20 anos e num pé só.


pulo de quando eu quando num salgado cafezal de lucidez com as mão pro alto.


me recordo do dia em que caí, sorri e me apoiei de joelhos no céu acreditando que tudo estava num prumo de ângulo fraternal.


e me esqueço do fogo passional da loucura que é engolir palavras que o vento recusa soprar.


adio de véspera o resto que um dia foi todo naquele sonho de 1 minuto.


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sinto seu sono nos meus pés.


a carícia me acorda falando que tudo está de cabeça pra baixo.


o dia é noite de lembranças cansadas daqueles sorrisos de cuíca.


o calor me apruma numa vertigem de amor antigo


enquanto você finge dormir para eu sonhar acordado.


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me apego fácil àquilo que brilha primeiro num plano acima da língua.
descredito a dita cuja à ordem dos verbos, que aprodecem sós enquanto passeiam aflitos pelos e-mails e choramingos de um pequeno diante de uma nobre platéia.


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a moderna indizência dos sentimentos rudimentares me faz crer que nada é possível, até que se tome atitude, ainda que as placas digam que o caminho não tem saída.


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a pulância de galhos indecentemente escorradios esburracha de cara na caneta que escreve em espelhos da minha mente dizendo que nada do que parece que seria um dia foi.


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não escrevo, descrevo em despistas aquilo que queria verbalizar com sonoridade de orquestra sinfônica.


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me dê o açúcar e o afeto buarquiano que hoje vou caetanear por aí que não preciso de mim para melhorar o que não penso daquilo que retesado permanece  invadindo minhas retinas, tocando meus pés e atazanando meus ouvidos.


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até que me invente um balão, esses pesos continuarão fazendo meus pés andarem mais que minha cabeça.
e mesmo que um balão inventasse, daqueles que sobem bem alto, tenho uma certeza covarde e medonha de que meu coração permaneceria arrastando no chão, pendurado por um anzol cravejado de iscas esculpidas pelos meus tempos de menino-deus.


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sentir-se só é o início e o fim de tudo.


o fizemos enquanto batia um coração maior que a gente entre os pulmões que nos serviam de teto.
porque não o faríamos enquanto transitamos numa realidade apinhada deles?
também o faremos quando o nosso não mais bater, nem por nós, nem pelos outros, que continuarão a sentir-se sós.


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não declaro imposto de renda.
e acho que do amor, também estou isento.


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calharia um calhamaço de calmaria nesse caótico coração calado?


ou


carecia de um caótico coração curado essa cabeça cremada de causos?


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tinha um texto lindo na cabeça, sincero, de verdade.
mas liguei o som e deixei a melodia empurrar, caverna adentro,
tudo que estava enfileirado pra brotar.


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me fudi de verde, amarelo, azul e camurça de ganso albino quando decretei que a melhor maneira pra fazer aquilo era sentar o rabo no caralho do computador pra delatar a porra das ideias na tela insuportavelmente alva, calva, calma e sem alma.


ao inferno essa escapatória estapafúrdia.


ao que tudo indica, vocês vêem signos onde vejo só sons, cores e a anti-matéria, virtualizada em eletricidade, do meu ser.


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e pra quem tem uma paixão caduca, dissimulada e não dita pela covardia, 5 segundos de arroto é um gozo sublime.


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é sempre assim.
começo dançando, passeio sorrindo e termino regurgitando o azedo da vida que eu mesmo produzi.


e durmam bem.


que amanhã começarei de novo.


num looping contínuo que um dia cansará e cessará.


e nunca se esqueçam do que eu disse na primeira linha.


até mesmo você que não existe.


[e tudo é resíduo dessa mediocridade covarde do medo de não ser como o esboço sináptico.]