jeudi 29 novembre 2012

dois direitos


que me desculpe a esquerda, mas aqui, nessa caixola que vos escreve, a direita manda.
tenho a impressão que já escrevi sobre isso antes.
mas a pressa dos dedos me impede de procurar.
digo isso, ou melhor, cheguei - talvez novamente - a essa conclusão enquanto pensava e reclamava de trabalho. reclamação unânime, não? maybe… maybe.

dizia eu, para mim mesmo, enquanto singular sujeito refém de um lado direito do cérebro (às vezes desconfio que posso até ter dois lados direitos… sabe-se lá se o esquerdo mudou de time, né?) que careço, CA.DA.DI.A.MAIS de uma ajuda profissional (again… acho que já escrevi sobre isso… repetiçõespetiçõestiçõesçõessonssons curucucu canta caetano) pra me sentir menos angustiado, mais ajustado e confortável com tudo isso que cruza as redes insanas das sinapses.
mas a curiosidade é que me repeti enquanto reclamava de trabalho, concluindo que preciso de um terapeuta - ou algo equivalente, tipo um cachorro pra me amar, marcar presença nos meus dias e ainda ouvir minhas lamúrias - porque preciso ser um profissional melhor. Mais ágil, organizado, E-F-F-I-C-I-E-N-T-E. Sacou a armadilha?
Não preciso de um terapeuta pra curar minhas angústias do passado ou ajudar a driblar autosabotagens emocionais (o que no fundo pode ser o cerne disso tudo e principal argumento para refutar toda esta porcalha que vos escrevo a ninguém.) Preciso de terapia pra ser mais eficiente no trabalho. Pra me sentir melhor enquanto trabalho. Pra render mais, pra mim, pros outros, pra máquina capitaralha que move todas as rodinhas dentadas que fazem meu salário cair no início do mês em minha conta.
Em suma, e diga-se sem passagens, beeeeeem simplificadinho e superficial, preciso de ajuda pra ser mais útil ao capitalismo selvagem. Pra ser menos humano e mais profissional. Menos lado direito e mais esquerdo do cérebro.
Isso porque desconfio que não há singular pensamento em meu corpo/crânio/corpo que passe ileso pelo crivo malditomasoquista desse fanfarrão sentiimentalóide que transforma gotas em tsunamis e procura na ficha de OS de qualquer comando simples (estimulo/resposta) um motivo poético que justifique a energia dispensada para se organizar mentalmente o ato.

Entende?

Sabe aquela pergunta cretina que me respondo toda manhã: vc tem mais motivos pra sair da cama hoje ou pra permanecer nela?
Acredito que haja um infinito formulário dentro de mim a ser preenchido em 3 vias carbonadas com ininteligíveis questões que me fazem atrasar e re-re-re-repensar qualquer vontade/dever/ordem de fazer uma coisa simples de maneira simples.

Como esse texto, por exemplo.
Todo ele se resume a: Não sou prático. Não sou pragmático. Comigo o preto no branco tem um milhão de nuances e pontos de bézier nas arestas ainda mal exploradas com lentes macro ou olho de peixe.
Nada é simples. Pelo menos pra mim.
A ideia central disso tudo que digitei ofegante agora é essa.
Não sirvo pra ser prático (não a profissão - pq essa teria me deixado riiiico-, mas o adjetivo).
Me proponho a registrar que redescobri uma inconstância de atitudes/sentimentos relativos ao trabalho/expectativas/realizações pessoais e não consigo fazer algo que não seja prosaico-poético ou melodramático.

PRa tudo sofro. Até pra colocar targifor no copo. O tablete vai antes da água ou a água vai antes do tablete?
Depende… se eu tiver de bom humor, vou querer ver ele mergulhando, SPLAT tsssssssssss, copo adentro. Se eu tiver de bode… vou preferir ouvir o tlink tilink! dele batendo no copo seco, seguido de um glub glub tsssss glub tssss glub da água enchendo o copo enquanto ele chia como tudo dentro do meu peito.
São dois momentos. Que raramente passam batidos.
E são pensados, mesmo que por milisegundos ou microlitros de energia dispensada.

E é por essas e outras que também desconfio que preciso de um psicanalista, psiquiatra, terapeuta ou mesmo um nutricionista (quem não precisa, né?) pra me curar de mim no resto do tempo em que não estou no trabalho.

Mas de qualquer maneira não dá pra ir ao trabalho despido de mim, right?
Ou sair dele vestindo outra pessoa. A parada deve ser se tratar por inteiro ou não se tratar at all.

Afinal de contas, gosto de como sou. Mesmo no trabalho. O que não gosto é de me sentir na contramão da equipe. Na antítese do capitalismo imediatista. Me sinto bem como sou e péssimo por querer me adaptar às necessidades do meu entorno. O que não gosto é de ver os resultados questionáveis, os atrasos cobrados, a culpa caindo lenta como um manto que estampa às seis faces que me cercam… eu não sou prático e não sirvo pra gerar dinheiro rápido. Pq tudo na minha caixola duplamente destra transpira/exala/entoa e mastiga o paradoxo de Zenão.

E caso encerrado!

mercredi 7 novembre 2012

ar

nosso meio e maior conservante.
sem ele morremos rápido!
com ele morremos lentamente!


- Posted using BlogPress from my iPhone

essas vezes (ou consciência, ou ainda - vontade de dormir no chão)


-p.s. ao final-

às vezes preciso desabafar, tirar a pressão dessa câmara de pneu q sufoca meu peito e me enrosca o pescoço deixando sem ar a cabeça mais aérea que já habitei. verdade que é também a única. apesar de não parecer.
hoje vivo um desse às vezes.
parece que filtro a realidade por cacos de espelhos simplistas que equivocadamente me devolvem uma falsa amplitude despida de plurais, que nua, parece crua e fácil de morder, como uma fruta sem casca e sem caroço.

como se dois e dois deixassem de ser 5 ou perdessem o direito à qualquer operação matemática para serem eternamente condenados ao fato de que nunca deixarão de ser dois e dois e ponto.

um uncheck no overlap. que dói aos olhos.
uma decantação de fatores imiscíveis. que desafia minha pressão arterial.
um eureka de poliana. que me faz suar.
um grid que condena a existência de outros corações de vorazes sentimentos.
Ou como se os alinhasse por um critério de parecência que meus globos inoculares julgam como a verdade absoluta do momento.

incrível como esses colapsos sempre me vestem com a leveza de um véu da sabedoria e o peso dos óculos da clareza. ou o contrário.

tenho a nítida sensação de estar dominando ou decifrando a dança irreverente e desritmada dos cacos suspensos a minha volta.
doença pura. ou seria poesia cartesiana?
e é terrível julgar, pela primeira vez, esse momento como um debilóide pensamento de alguém que ainda precisa se dobrar muito perante a realeza da surrealidade.

pq me sinto como um infiel aos meus princípios? (e que princípio que nada! preciso sobreviver! dizem as más línguas para as boas [ou tolas] que ainda me habitam)

pq, mesmo sabendo que alcancei aquele lugar que já figurou nos sonhos, sinto como se não estivesse lá de fato?
como se me tivessem vendido um sonho, mas era apenas realidade?
Esse tal de não condizer com sonhos... sempre expectativas x todo o resto. que merda!

essa sensação de que tenho o que queria, mas não no lugar certo.
ainda que desconfie que esse lugar pode mudar, por quê enxergo que os outros não querem o mesmo que eu?

por quê empenho meus sentimentos por objetivos alheios {e que agora parecem bem diferentes dos meus}?
e que outrora não pareciam, ou eu não quis ver. cego pela oportunidade. cego pela vontade de fazer. de ser útil.

por quê esses pensamentos me invadem sempre? essa inadequação? essa sensação de saber que preciso, mas que há um mundo lá fora e que ainda não procurei o bastante.

essa ideia de capacidade máxima. qto mais conseguirei aguentar? até onde me testo, até onde estou sendo testado?

o mundo não sai da frente, dizia o clóvis num curso lá do passado. tão presente.

etc e reticências... redundâncias.
hoje o dia não foi bom, mas o amanhã raiará e pode ser bom, ou mais uma sucessão de inadequação.
até quando?

sinto que se eu agisse diferente, desabafasse aos poucos, esse sufoco notívago diminuiria.
ainda não sei separar tudo.
o fazer, o querer, a expectativa, ainda não sei como orquestrá-los. 
e agora pareço enxergá-los com tal clareza que machuca.

não quero como está.
mas não acho como quero.
não facilmente.

é utópico esperar que haja qualquer coisa que preencha todos os requisitos.
e a utopia já é falha por saber que só descobrirei que requisitos são esses ao longo do caminho.

uma porta por vez.
uma surpresa boa ou ruim por vez.
um dia por vez.
esteja ele pendendo pra leste ou oeste.

o vento sopra nessa cabeça oca.
mas o entorno mudou.

e a sobrevivência só parece mais difícil. até q eu descubra as facilidades nela.
o prazer mais duradouro que a insatisfação.

a paciência com as agruras mais forte que as reclamações vãs e verborrágicas.

nada é o que parece, se aceitarmos que o parecer é mutável.

não sei se sou o único, mas sinto que minha geração ou meu círculo de convivas se move cada vez mais para a subsistência artística, ou a venda de produtos que brotam de suas horas de suor e prazer. {a incerteza da substência sem o trabalho fez dos excessos, necessidades [waking life martelando pesado] - e nós vendemos necessidades excedentes - entende?}
utópico?
infantil?
crise dos 30?
sei lá! 
brincar de gente grande é difícil e mutilador.

os macacos que tapam os sentidos devem ser bem ricos.
pq permanecer com eles abertos me dá uma tristeza danada.

simplicidade, cadê você?
ou melhor... coragem e confiança???
sempre chego nesse ponto.
o que me falta é o que me sufoca.

e me coloco em buracos que não me encaixo por conta dessa falta.

construir seus muros ou sua escada, com ajuda, sem ajuda, com certeza ou ousadia me parece difícil por ora.

mas espero que não seja pra sempre.

e que nesse mar de horas a serem preenchidas com lembranças, eu consiga avistar esquinas onde possa virar e atalhos não tão curtos assim que me conectem com aquilo que secretamente sonho.
degraus que ainda não tive coragem de fazer brotar.
e que só parecem impossíveis, até que a parecença muda.

já me pareceu fácil bradar um sonoro, Se você quer, faça!
Mas sinto que agora não posso. E torço por um tempo de poderes não tão podres.

Nunca fui de linearidade.
Mas acho que superei o inteligível dessa vez, né?

Caso me entenda por essas porcas palavras, parcial ou totalmente, me procure.
Estarei sentado como o bobo da rua zero, mas na borda da nuvem que tapa a lua em seus cheios e estrelados dias.
Aguardando a próxima porrada de realidade.
Ou só o próximo dia de receber o salário e pagar as contas.


[p.s.: um texto com títulos opcionais - pq afinal de contas o que seria de nós sem um mar de opções?]

para ouvir depois de ler - 

I Dont Worry About a Thing by Jorge Drexler on Grooveshark

lundi 5 novembre 2012

monólogo

procurando uma senha no app de notas do iphone encontrei essa entitulada monólogo.
Escrita no dia 26 de julho de 2012, às 8:32 da manhã durante uma travessia de barca: niterói - rio.
como bem lembra o aplicativo - há 102 dias.

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monólogo
Johzé

Foi batizado, em consenso, como Johzé.

Jo de joão. O avô escolheu pq acreditava em jango.
O H veio de henrique. A avó escolheu que era pra enriquecer.
E Zé de zéfiro. A mãe escolheu pq queria q seu filho ventasse como o vento do oeste no quadro de botticcelli.

Então ficou Johzé.

Tem sotaque nordestino só por conta da pronúncia de Johzé

Encara seus 25 anos como se fossem 25 vidas.
Nasceu em 29 de fevereiro, mas é libriano pq a avó disse, e vó não se contraria!

Tem o sotaque e o OH no nome pq baiano não nasce, estreia!
OH, também, pq sente q veio para deixar um legado reverenciável!
Ouviu q todo baiano nasce com esse OH!! Mistura de fascínio e louvor.
Mas não é baiano! é do mundo!  bra-si-lei-ro.
Niteroiense de carteirinha, pq não teve coragem de se mudar.

intrigado - intrigante e com senso de humor descansado.

Leva tempo p explicar e desmanchar o sotaque baiano.
Não conta o sobrenome pq tem medo das consultas ao spc e serasa e garante q não tá na lista telefônica.
e completa: "quem admite dever, alivia a culpa e devia ter, pelo menos, as primeiras parcelas perdoadas, ou os juros! afinal admitir tamanha vergonha é louvável. certo?"
Nunca subiu num palco mas sempre quis! Acha q tem muito a dizer.
Se acha parte espiritual de Bethânia, Caetano e alguns famosos idiotizados pela cultura. "que não vale a pena nem citar!"
Teme a perda do encantamento e acha q família não é prisão genética mas, "um grupo pingado de roleta de bingo que serve para prática do amor, do discurso, da paciência e do respeito às diferenças!" 

Acredita em quase tudo até q se prove, "em 5 vias", o contrário! 
"Uma pra sociedade, uma pras divindades internas de cada um - em linguagem de sinais - uma pro futuro e outra pros antepassados a ser entregue via mesa branca!" e a quinta a pessoa que guarde consigo, "na carteira! Pq provar o contrário de algo é de importância tamanha q seria pecado não ter um documento pra comprovar a autoria qdo a oportunidade para tal se apresentar!" 

Cheio de manias e de vícios culturais chora e ri das desgraças, como um ancião que calado no pico da montanha medita na velocidade da luz "que é pra se tomar consciência de tudo que ocorre no mundo naquele dia, como um jornal nacional, só que mundial!"
Tem um blog pra cuspir lixos verbalizados e quer ler alguns textos do seu, ainda impublicado, livro das 24 vidas! 
Acha que o número 7 dá sorte pq só tem um ângulo como o 1. "Que fique claro que falo do 7 moderno, de máquina, não aquele matemático ancestral e original dos sete ângulos." 
E diz que 2007 foi seu ano de iluminação! Quando resolveu escrever e ensaiar aos 4 ventos os textos q vos profere!

{encontrar texto johzé - 2007 - pra início de conversa}
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samedi 3 novembre 2012

cai a ficha


a verdade é que a ficha cai vagarosamente.

demorei a perceber que não enxergo mais cores 
em muitas paisagens fixas e repentinas do dia a dia.

não vejo mais cor na luz oblíqua que cruza o prisma.

o gosto também mudou, 
o ritmo 
e a energia
nem me reconhecem mais.

demorei a perceber o cheiro de queimada e
a ponta das labaredas por trás da montanha.

demorei também a entender que eu retirei mais do que queria
com algumas poucas escolhas.

ateei fogo numa ponta de pavio,
que de curto não tinha nada.

e o fogo ainda corre no calendário
a perder de vista.

mas os olhos estão um pouco mais abertos.

e vou deixar o amor entrar, vou tentar. 

{enquanto escrevo, eis que toca scream - mj e janet}
e a decepção + percepção makes me wanna scream.

"Talvez eu seja pequena,Lhe cause tanto problemaQue já não lhe cabe me cuidar,Talvez eu deva ser forte,Pedir ao marPor mais sorteE aprender a navegar."

cantando pro espelho

"Acorda amor, que já virou um outro dia,
E a gente pode fazer tudo hoje,
Não me deixe pra depois,
Sempre tenho um bom motivo pra nós..."

E pra fechar...
eu x eu quanto que dá?