mercredi 7 novembre 2012

essas vezes (ou consciência, ou ainda - vontade de dormir no chão)


-p.s. ao final-

às vezes preciso desabafar, tirar a pressão dessa câmara de pneu q sufoca meu peito e me enrosca o pescoço deixando sem ar a cabeça mais aérea que já habitei. verdade que é também a única. apesar de não parecer.
hoje vivo um desse às vezes.
parece que filtro a realidade por cacos de espelhos simplistas que equivocadamente me devolvem uma falsa amplitude despida de plurais, que nua, parece crua e fácil de morder, como uma fruta sem casca e sem caroço.

como se dois e dois deixassem de ser 5 ou perdessem o direito à qualquer operação matemática para serem eternamente condenados ao fato de que nunca deixarão de ser dois e dois e ponto.

um uncheck no overlap. que dói aos olhos.
uma decantação de fatores imiscíveis. que desafia minha pressão arterial.
um eureka de poliana. que me faz suar.
um grid que condena a existência de outros corações de vorazes sentimentos.
Ou como se os alinhasse por um critério de parecência que meus globos inoculares julgam como a verdade absoluta do momento.

incrível como esses colapsos sempre me vestem com a leveza de um véu da sabedoria e o peso dos óculos da clareza. ou o contrário.

tenho a nítida sensação de estar dominando ou decifrando a dança irreverente e desritmada dos cacos suspensos a minha volta.
doença pura. ou seria poesia cartesiana?
e é terrível julgar, pela primeira vez, esse momento como um debilóide pensamento de alguém que ainda precisa se dobrar muito perante a realeza da surrealidade.

pq me sinto como um infiel aos meus princípios? (e que princípio que nada! preciso sobreviver! dizem as más línguas para as boas [ou tolas] que ainda me habitam)

pq, mesmo sabendo que alcancei aquele lugar que já figurou nos sonhos, sinto como se não estivesse lá de fato?
como se me tivessem vendido um sonho, mas era apenas realidade?
Esse tal de não condizer com sonhos... sempre expectativas x todo o resto. que merda!

essa sensação de que tenho o que queria, mas não no lugar certo.
ainda que desconfie que esse lugar pode mudar, por quê enxergo que os outros não querem o mesmo que eu?

por quê empenho meus sentimentos por objetivos alheios {e que agora parecem bem diferentes dos meus}?
e que outrora não pareciam, ou eu não quis ver. cego pela oportunidade. cego pela vontade de fazer. de ser útil.

por quê esses pensamentos me invadem sempre? essa inadequação? essa sensação de saber que preciso, mas que há um mundo lá fora e que ainda não procurei o bastante.

essa ideia de capacidade máxima. qto mais conseguirei aguentar? até onde me testo, até onde estou sendo testado?

o mundo não sai da frente, dizia o clóvis num curso lá do passado. tão presente.

etc e reticências... redundâncias.
hoje o dia não foi bom, mas o amanhã raiará e pode ser bom, ou mais uma sucessão de inadequação.
até quando?

sinto que se eu agisse diferente, desabafasse aos poucos, esse sufoco notívago diminuiria.
ainda não sei separar tudo.
o fazer, o querer, a expectativa, ainda não sei como orquestrá-los. 
e agora pareço enxergá-los com tal clareza que machuca.

não quero como está.
mas não acho como quero.
não facilmente.

é utópico esperar que haja qualquer coisa que preencha todos os requisitos.
e a utopia já é falha por saber que só descobrirei que requisitos são esses ao longo do caminho.

uma porta por vez.
uma surpresa boa ou ruim por vez.
um dia por vez.
esteja ele pendendo pra leste ou oeste.

o vento sopra nessa cabeça oca.
mas o entorno mudou.

e a sobrevivência só parece mais difícil. até q eu descubra as facilidades nela.
o prazer mais duradouro que a insatisfação.

a paciência com as agruras mais forte que as reclamações vãs e verborrágicas.

nada é o que parece, se aceitarmos que o parecer é mutável.

não sei se sou o único, mas sinto que minha geração ou meu círculo de convivas se move cada vez mais para a subsistência artística, ou a venda de produtos que brotam de suas horas de suor e prazer. {a incerteza da substência sem o trabalho fez dos excessos, necessidades [waking life martelando pesado] - e nós vendemos necessidades excedentes - entende?}
utópico?
infantil?
crise dos 30?
sei lá! 
brincar de gente grande é difícil e mutilador.

os macacos que tapam os sentidos devem ser bem ricos.
pq permanecer com eles abertos me dá uma tristeza danada.

simplicidade, cadê você?
ou melhor... coragem e confiança???
sempre chego nesse ponto.
o que me falta é o que me sufoca.

e me coloco em buracos que não me encaixo por conta dessa falta.

construir seus muros ou sua escada, com ajuda, sem ajuda, com certeza ou ousadia me parece difícil por ora.

mas espero que não seja pra sempre.

e que nesse mar de horas a serem preenchidas com lembranças, eu consiga avistar esquinas onde possa virar e atalhos não tão curtos assim que me conectem com aquilo que secretamente sonho.
degraus que ainda não tive coragem de fazer brotar.
e que só parecem impossíveis, até que a parecença muda.

já me pareceu fácil bradar um sonoro, Se você quer, faça!
Mas sinto que agora não posso. E torço por um tempo de poderes não tão podres.

Nunca fui de linearidade.
Mas acho que superei o inteligível dessa vez, né?

Caso me entenda por essas porcas palavras, parcial ou totalmente, me procure.
Estarei sentado como o bobo da rua zero, mas na borda da nuvem que tapa a lua em seus cheios e estrelados dias.
Aguardando a próxima porrada de realidade.
Ou só o próximo dia de receber o salário e pagar as contas.


[p.s.: um texto com títulos opcionais - pq afinal de contas o que seria de nós sem um mar de opções?]

para ouvir depois de ler - 

I Dont Worry About a Thing by Jorge Drexler on Grooveshark

1 commentaire:

  1. Bin...sei sim como está se sentindo! E, mesmo sentindo os prazeres da maternidade no momento, eu também estou passando (ou passei) por imensas dúvidas e ando me sentindo cobrada de todos os lados! Decidi ser mãe em tempo integral e, por conta disso, já ouvi de tudo... e já me senti de todo jeito! Sinto que não viajo o suficiente, que não leio o suficiente, que não suficientemente inteligente ou descolada!
    Mas... uma hora a gente acha o nosso eixo! O importante é não se arrepender do que fazemos!
    Te amo! :)
    bjão
    Drica

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