lundi 20 septembre 2010

descobrindo o pessoa enquanto álvaro

Sabe aquele texto que desperta uma identificação imediata.
àquele que nos faz pensar: se eu tivesse lido antes.
àquele que encaixaria perfeitamente em 95% das minhas crises póstumas da adolescência?

então, tabacaria é desses.

Descobri lendo um trecho da vida simples do mês passado.
comprei a antologia do pessoa pra poder grifar o que de mim pudesse achar por ali.
repito ele aqui só pra ficar arquivado num pedaço virtual meu!


TABACARIA

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?)
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.


Álvaro de Campos, 15-1-1928



a parte destacada em azul, me fez escrever, em trajes, local e posição inapropriados para tal um monte de merda que me faço sentir quando há silêncio no meu cérebro(se é que isso é possível...)

É o que ouço por todo canto
por todos os poros alheios,
talento, t a l e n t o, t a l e n t o.
Não sustentam como a um esplendor na avenida de fevereiro,
mas estão sempre lá, sorrindo,
ou zombando de mim.
A zombaria fica por conta dos meus óculos
que distorcem tudo.
No fim da estrada que sorri amarela,
ficam meu medo
e minha preguiça.

e se não for isso?


Acompanhando a palavra talento,
nunca olhos excitados
afim de compartilhar experiências.
E nem sempre olhos dizendo ou
maldizendo o desperdício
da minha falta de vontade.

Acho que espero mesmo um amor pra chamar de meu'
que vai me ajudar a viver a magia de uma vida que começa a brilhar.


Eu sei que a vida é agora, mas junto é melhor que só.
(veja bem, esse discurso nunca saiu da minha boca - ou pelo menos não lembro
de proferi-lo. Mas por um balde de estrelas me pareceu mais correto, ou acertado)
Engraçada essa minha vocação de mentir em público!
Acho que nessa, não devia investir.

dimanche 12 septembre 2010

um texto de alta periculosidade


enquanto escrevia esse texto, me destraí um segundo, e caí no tumblr com essa foto. Mágico, né? Será? haha

do u know the "be there" from i`ll be there music?

well, i guess now i face it in a different way! =/

pro bem ou pro mal, de repente me pousou uma ideia na ponta do nariz.
that`s why… somehow!

simplificando o máximo que um idiota, como eu, poderia simplificar…
felicidade ou tristeza, in some ways, podem derivar da segurança que essas promessas reforçam.
Agora esqueçamos as promessas enquanto promessas e pensemos na certeza subconsciente, da conexão cósmica que nos leva a crer, with all our heart, que aquela pessoa, que nem ao menos prometeu com palavras, sempre estará lá. Ou estaria, ou está agora, e estará pra sempre de novo… até que estaria se… ou estava. Esteve e parece que nunca mais voltará… então os ventos mudam, a primavera cede ao verão e a certeza vira o jogo mais uma vez.
a certeza de que a conexão da promessa ainda é ou será cósmica de novo. Um segundo congelado em dois corações. Um uníssono de ideias, entendimentos, um casamento com dois cérebros e dois hearts.
Inconstância doida não?
Bom, vindo de uma cabeça não muito sã… pq não?

Não sei onde isso tudo me leva ou me deixa, mas pensando agora, nessa idiotice toda, me sinto aliviado.
Eu amo por não amar mais e saber que depois amarei, sem nem ao menos ter certeza disso tudo.

E o estarei lá ou estou aqui, pode segurar firme na minha mão, é mais complexo que uma promessa ou uma vontade de estar presente.
É cósmico, é conectado via bluetooth, é deep down no modo entendimento. É compartilhar um sentimento lindo de compreensão/proteção/admiração.

Eu te entendo! Eu estou aqui pra você pq te admiro por me admirar, estar aqui por mim e compartilhar dessa compreensão que quase une nossos corpos. (apesar de nunca ter realmente unido! and god knows how hard i`ve wished!)

Entendeu?
Até aqui foi fácil, vai!
Amamos pq contamos com essa conexão suprarenal (oi? ahha, brincadeira!) com essa conexão espiritual(não queria usar essa palavra, mas vai, não achei outra nesse seg), ou pelo menos eu achava que amava ou acho que amo ou sei lá, te amarei pra sempre baseado nessa conexão cósmica(MUCH BETTER) que não existe mais e de repente eu sinto de novo, mas nunca como antes, lá atrás. Qdo não compartilhávamos esse volume de histórias que temos hoje, mas nos pequenos segundos madrugais de dias indiferentes, éramos o tom hanks e a maldita máquina de realizar desejos do parque de Quero ser grande! Sabe?

Toda essa revelação repentina me enlouquece e me aburrece pq se pensar com os dois lados de um mesmo cérebro idiota corro do I`ll be there pro shopenhauer com suas vontades e representações, e aí o pudim desanda, o bolo sola e leite talha.

A proposta de não se propor a estar lá, mas antes mesmo dessa loucura toda, já estar, independente da vontade ou do esforço ou do tempo, é linda mas pende de um delicado móbile das vontades. Algumas vezes invisíveis outras indecifravelmente na nossa cara, essas pulgas saltitantes te levaram pro lado de lá da cerca.

De repente não há mais vontade de estar lá, ou de estar disponível cosmicamente. OU simplesmente não se está, sabe-se lá deus pq.
Mas que é caricato ver duas pessoas assistindo a cosmicidade de uma terceira com uma quarta num silêncio desprovido de assuntos… ambos presos numa memória cósmica que nunca voltará, por mais que a disponibilidade exista(com mtos pontuais vacilos, diga-se)… assim como a de todos os outros mortais amigos ou famílias que prometem e cujas promessas não fazem 'cócegas na periquita'(como dizia minha avó), ou não despertam esse cósmico que nos faz flutuar!... isso é! got it? got milk? haha

Enfim. (qtas vezes escrebi enfim até aqui? Pausa pro command+f e... rufem os tambores{escrevi mais reticências com certeza...}- olha só, essa foi a primeira vez in this entire piece of shit!)
continuando com as vacas gordas em pastos de massa cinzenta (gosh, como é bom sentir essa brisa nas ideias novamente, quase sinto vontade de comemorar 100000 aniversários de novo! E eu disse QUASE, ok?) Anyhow… House me inspira ou me deu essa viagem de presente! Vai ver foi o vicodim, ou a paixão dele pela cuddy, tão impossible e tão perturbadora qto tudo isso que se passa na minha cachola.

pareço apaixonado de novo. Espero que por mim one more time, like the oldies, e não por alguma sombra perigosa do passado.

Um dia eu endereço essa carta!
Mas hoje não. Posso estar batendo à porta dos 26, mas a covardia é a mesma desde os 15.

see u all!! miss u all dummie people! =**

(histeria eufórica pra quê, né? - pra melhorar uma madrugada de fim de semana, claro!!!) ONE MORE HOUSE, na veia dessa vez!

xaus - like the oldies too!

lundi 6 septembre 2010

reflexos de uma janela com um espelho dentro.




p.s1.: o nós inexiste sem o eu. o eu dificilmente resiste sem o nós.
--
p.s2.: e o eu, sozinho ou acompanhado, vive da tensão entremundos (interior/exterior)
--

coletividade é uma composição plural de individualidade
e uma não resiste sem a outra
e não são opostas mas
o todo e a unidade de uma mesma coisa.

às vezes é difícil perceber isso!

E quando fica fácil, dói um pouquinho.

Não consigo escrever o motivo, mas sei que de alguma maneira isso reflete a dificuldade em lidar com a passagem inexorável do tempo.

me ocorre, esporadicamente, que nosso condicionamento evolutivo deixou frestas pras ausências de algumas crenças.

é como pensar que se não houvesse um ritual alimentar, um grid de horários e categorias para cada refeição, viveríamos na base da fome e da saciedade.

(algumas pessoas, mesmo dentro da condição humana atual de alimentação - e falo aqui da burguesia ou da pessoa estabelecida socialmente no dinheiro, pq de outra forma seria apenas uma opinião marginal e não uma reflexão da minha própria imagem, por isso excluo dessas palavras toda situação que conheço sem experimentar {ou conheço só por teoria e observação, sem prática} - ainda vivenciam alguns dias de |fome x saciedade| reconhecendo que são momentos fora dos trilhos, sem fazer disso um padrão de comportamento)

e quando se exclui a crença numa condição reprodutiva/biológica/cristã de um cotidiano, quando se ousa pensar um mundo sem ou com diferentes grids sociais de marcação espaço/temporal, podemos encontrar uma despadronização de alguns comportamentos coletivo/individualistas.

Então a saciedade contrapõe a fome, necessariamente através da aquisição e ingestão da comida, e a fome contrapõe a saciedade, necessariamente através da expulsão dessa mesma comida, como uma gangorra cíclica.

Mas na relação indissociável de coletivo/individuo, me perco em dúvidas e suposições mal organizadas, meio caóticas, às vezes inertes, e sempre mutantes.

o coletivo não consegue contrapor o individual ou vice-versa apenas pela presença ou ausência de outros corpos.

Não se trata de uma brincadeira de roda - eu com eles, eu sem eles.
Mas sim de uma terceira personificação, que pode ser chamada de eu lírico, ou um indivíduo externo, que é comum aos dois. que interage com outros externos e simultaneamente com um interno. Sempre nessa dinâmica do coletivo ser o encontro com os outros do mundo exterior e indivíduo ser o encontro com o(s) outro(s) do mundo interior (uno sendo múltiplo e múltiplo pertencendo a um só - como as quatro rodas de um carro, os cinco dedos de uma mão, as duas mãos de um corpo).
O curioso e perdiloso caminho é pensar que tudo isso é constancia e mutação on time, full time, real time.
Por nove meses fabrica-se um corpo dotado de neurônios e organizações químicas. Durante esse processo, há controvérsias sobre a existência primeira de uma inteligência pré matéria. Supondo que não haja, essa inteligência seria parte da "confecção" desse animal.
Uma estapa posterior a gestação e intermediária à socialização.
E aqui começam os condicionamentos e a contradição dos inatos.
Mas sem a pretensão de supor que eu sei alguma coisa sobre isso, sigo pensando na falta de clareza em relação a duplicidade desse animal.
Ele é para ele, diferente do que ele é para o outro. Ou não seria?

O bebê até que seus sentidos estejam afinados com a adaptação dos órgãos que os regem, não percebe o externo, certo? (estudei um pouquinho sobre isso)
Somos um todo sem consciência da separação. Essa primeira percepção de mundo deveria se manter viva na lembrança. Será que o subconsciente ainda computa esses dados?

Chega de análise estapafúrdia por hoje.
Não vou mergulhar num mar, sem saber nadar. Não tenho competência pra errar mais do que já errei até essa linha do texto.

O que tento compreender agora é mais simples, ou não do que isso.

Porque tornei difícil pra mim mesmo(redundância a toda prova, pode chiar!) a leveza de assumir que sou e estou sempre só e sempre acompanhado?
Essa divisão dentro/fora, eu/vc é pesada pra mim.
E quando fica leve, sinto como se tivesse perdido meu tempo.
Como se não existisse pelo tempo q durou aquela conversa, ou encontro.
É um gap emocional, um branco que me faz desejar mais dias coloridos.
Não sei como pintar isso e preciso escrever (pq sou muito covarde, ou preguiçoso pra dizer) que sinto vergonha de não estar sempre à caça de vibrações que produzam cores e não pontos brancos e vazios.
As cores que transitam comigo, parecem em processo de desaturação rumo ao branco absoluto.
E fica a dúvida mais capaz de me expulsar desse teclado nesse exato momento.
Sou eu que atribuo essas cores?
É a minha percepção q perdeu a capacidade de vê-las?
Me pintei de cinza e ainda me vejo como uma alegoria de carnaval?

Esse tanto dentro da lata está tampado e vedado? Como abrir ou ser aberto?

Me perdi... fui ali me procurar na esquina das vozes. Ou avós(es).

um conselho amigo seria bem vindo aos meus olhos castanhos.
um conselho pago seria o mais indicado.
mas antes preciso fazer fortuna, ou aprender a direcionar minhas migalhas.

até!