lundi 22 août 2011

aposto* que não vem de aposta.

*Aposto, meu eu que afunda em agosto, sempre entre as vírgulas de julho e setembro.

agosto deve ser mesmo maldito.

reli-me em outro agosto e estava o mesmo desgosto.


me releio pra ver se me encontro.

como em todo momento ruim, me releio pra ver se me encontro.

"Quando estou plural, tenho maioria, por quê não?
Quando estou vazio, não há nem unidade."

nem sempre me completo, mas reencontro bons pedaços do que já fui.

dimanche 21 août 2011

sem gosto

a vida anda um pouco sem sentido pra mim.
o mundo, as coisas, relações, pessoas, significados...

nada me desperta vontades.
não encontro respostas (nem mesmo perguntas) em qualquer minuto q tenho usado.
por todo lado que olho não há cor ou voz que me chame afinada e sedutora.
rouquidão, desaturação e só.
o paladar pede um doce… não há. já acabou.
o coração pede um carinho. não há! faz tempo já!
o corpo pede movimento, mas o espaço castra, velho, engessado, alheio, feio.
a mão pede ação, criação, novidade… folheiam ávidas, os olhos não acompanham.
tremem frias, o coração aperta, os pés descansam, as pernas sofrem
e o cérebro?
esse se debate entre a vontade de não existir,
a responsabilidade de reconhecer e interagir com o que não está sob sua regência
e a representação patética e dramática de coitado da vez.

não vislumbro qualquer glamour nesse estado apático diante de um mundo, já sabido, tão lindo e surpreendente.(sim, há lampejos, esporádicos, é bem verdade, de lucidez porém...)
não há música que anime por mais de 3 min, não há sabor q inebrie por mais de 20 seg, não há água q sacie essa sede sabe-se lá de quê.

me abandonei em alto mar, num barquinha sem motor, cujos remos fiz questão de atirar longe.
aos poucos cavo um pequeno furo na madeira velha, mas somente nos minutos em que abro os olhos, pq
em todos os outros não me decido se me acho merda demais pra olhar pra fora ou bom demais pra dar o prazer do meu olhar ao nada acolhedor mundo lá fora.

uma ansiedade pela boa vida
pelo amor
pelas resoluções mais fáceis
pelo amanhã que nunca chega
torna difícil respirar sem medo
caminhar sem peso
sorrir sem remorso
e pensar sem esse filtro imundo

enclausurado em meus próprios pensamentos
enfaixado pelas expectativas mais idiotas
de um mundo que não corresponde, não liga
não pergunta como estou
não me participa de sua paisagem
seus sons
seus frutos
um mar de gente que não me enxerga
ou quando aparentam fazê-lo, não passam de uma superfície quase transparente
de um rapaz diferente ou indiferente, seco e frio que não me pertence.

não sei se chego aqui por motivos químicos, incontroláveis pela vontade.
ou se pelo metafísico mundo dos pensamentos solitários.
{enquanto isso caetano canta: nothing comes from nothing, nothing ever did.}

só entendo, enquanto escrevo, que as coisas perderam o sentido.
não sei viver sem esses sentidos.
então melhor nem viver.
melhor dormir, nunca pra sempre, mas até q isso tudo passe
e o mundo recupere cor, calor e movimento.

um tabuleiro de xadrez, sem o outro time de peças e o outro lado de idéias, não é nada senão um mar sem fim de insignificâncias e tédio.
um ponto sem vírgula é um céu finito, um grito mudo, camisa de força sem folga e corda pendurada com nó cego.
um banco sem pé, não é.
um risco sem superfície é uma banana com gosto de cimento branco.
um mundo sem cor tem um gosto amargo de um saco de aspirador de pó abarrotado.
sofoca como agua salgada entrando pelo nariz, boca, olhos e ouvidos de uma só vez provocando a mais desagradável das sensações.
apagando qualquer memória boa ou sopro de vida.

enquanto isso flutuo num tempo que parece surreal (so real at the same time.)
de tão podre e pobre.
talvez esse tempo seja só o reflexo dos meus sentidos e sentimentos.

ainda não sei do que sofro.
enquanto isso só resta o trabalho
desinteressante como todo o resto.

e mais uma vez abro os olhos
checo o limbo
e desmaio por mais muitas horas nos dias de agosto.

¬¬¬

perdi o tesão
e nesse momento não quero ajuda.
acho q não reconheceria qualquer movimento como ajuda
e seria capaz de insultar qualquer tipo de afeto que se aproximasse.

¬¬¬

acho que perdi o humor também.
me acho ridículo, mas não sei rir disso. não hoje.