lundi 15 juillet 2013

desapega da culpa, da depressão

é um medo grande
é um dissabor da vidadulta
é um remelexo d'outrém, d'outrora, d`amém.

um descompasso no peito, na alma.
uma concentração desconcentrada de atos, de afogados
de tanto que o fôlego falta.

é um sabe-seláoquê que trança os sentidos
me tirando o sentir.
uma suspensão de ar pelos rins, fígado, intestinos.

uma suspeita que tudo dará errado,
ainda que calce os sapatos que dançam.
é um passo que parece falso, tendencioso.

uma quimera quebrada, um encanto rogado
uma macumba que chutei no sonho
e respingou deixando rastros.

o tremelique que entremeia os pensamentos
disfarça os olhos num perdido sem volta,
revela um lado escuro, ainda sem forma.

é um caco que entrou no punho
uma farpa no pé e uma choradeira
que de entalada sai em latas.

são lágrimas estúpidas,
salgadas, salmoura d`alma
sem restos ou diafragmáticas.

são dedos perdidos,
são perdas que ainda
não sei contar nos dedos.

os ônus parecem afastar
um possível b inicial
de bosta posta à prova.

é a bala que não passou
por mim, mas me atingiu.
achada por cliques, sentida no arrepio dos pelos.

é um peloamordedeus que não quero gritar
ou quero?

é aquela sensação de que ela
a vida, não dá pontos, só nós.

é a cegueira da má gestão de ideias.
é a surdez da inocência rasgada
é o tremor do errante sem estratégias
o arrepio frio de narinas incendiadas
pela liquidez do tempo mau marcado.

é a falta de ritmo na bateria do pulso
a nuca travada pela covardia
o formigamento da pura preguiça
química que amolece
corpo que adoece.

é o calcanhar que teme a falta de chão
o salto que quebra sem humor
o riso nervoso de quem estupidamente
não entende mais porque está aqui
ou porque as coisas estão como estão.

é o desmemoriado que nunca leu
nunca soube, nunca quis saber.
é o mais puro pesar
sobre ombros que não se crêem fortes.

é a falta de crença no hoje
a falta de abstração pro amanhã
é a falta de ontem.

é o véu de toneladas
o cílio de chumbo
o lábio de cola

é uma sensação ruim
descrente da ação
descrente do dentro
descrente que haja
um fora habitável
ou um qualquermerda no comando.

é a ressaca de uma vida
cuja redoma descobriu-se
quebrável
insustentável
imóvel
ingrata.

--

é a sensação inegável de que fiquei mais burro, ou me mantive sempre burro.sempre afagado por objetos frios. sempre inculto, soberbo, sobrevivendo de uma subvida.
a sensação de que não fedo, não cheiro, não participo, não compartilho de uma ideação comprada por mim mesmo de como as coisas deveriam e poderiam ser.
é um pânico da falta de números nas correntes que dizem fazer contas.
o pânico do sinal de subtração, que subtrai esperanças, atrai pesadelos, acorrenta os punhos aos olhos me fazendo apenas crer, idiotamente, que valores apenas significam algarismos.
é um enxame de badkarmas alagando um copo
que pesa quanto mais seguro
com braço estendido
e mente rendida.
é um fundo do poço que não acalenta
que não me comporta
que não posso me aconchegar jamais.

acorda do breu mente insana jogada às traças dos olhos alheios!
acorda jocosa e bem humorada, peloamordedeus que amanhã é a segunda dos quase trinta
e ainda quero ver as terças dos 40 e os domingos em que meu joelho só fará doer.

acorda que tudo pode ser simples
se eu virar o copo e ligar o foda-se.

--

'só vivemos uma vez…
quantas chances teremos?'