samedi 28 avril 2007

lúcida elisa linda, lucinda rotina!


De Elisa Lucinda
O poema do semelhante

O Deus da parecença
que nos costura em igualdade
que nos papel-carboniza
em sentimento
que nos pluraliza
que nos banaliza
por baixo e por dentro,
foi este Deus que deu
destino aos meus versos,

Foi Ele quem arrancou deles
a roupa de indivíduo
e deu-lhes outra de indivíduo
ainda maior, embora mais justa.

Me assusta e acalma
ser portadora de várias almas
de um só som comum eco
ser reverberante
espelho, semelhante
ser a boca
ser a dona da palavra sem dono
de tanto dono que tem.

Esse Deus sabe que alguém é apenas
o singular da palavra multidão
É mundão
todo mundo beija
todo mundo almeja
todo mundo deseja
todo mundo chora
alguns por dentro
alguns por fora
alguém sempre chega
alguém sempre demora.

O Deus que cuida do
não-desperdício dos poetas
deu-me essa festa
de similitude
bateu-me no peito do meu amigo
encostou-me a ele
em atitude de verso beijo e umbigos,
extirpou de mim o exclusivo:
a solidão da bravura
a solidão do medo
a solidão da usura
a solidão da coragem
a solidão da bobagem
a solidão da virtude
a solidão da viagem
a solidão do erro
a solidão do sexo
a solidão do zelo
a solidão do nexo.

O Deus soprador de carmas
deu de eu ser parecida
Aparecida
santa
puta
criança
deu de me fazer
diferente
pra que eu provasse
da alegria
de ser igual a toda gente

Esse Deus deu coletivo
ao meu particular
sem eu nem reclamar
Foi Ele, o Deus da par-essência
O Deus da essência par.

Não fosse a inteligência
da semelhança
seria só o meu amor
seria só a minha dor
bobinha e sem bonança
seria sozinha minha esperança.


vendredi 27 avril 2007

teste01

postagem retroativa!

jeudi 26 avril 2007

eme.pê.bê...(bê.de.quê?)



Pra você que como eu julga bem diferente os gêneros MPB e Pop e ousaria incluir no contexto artistas como Caetano, Chico, Bebel Gilberto e por aí vai, no primeiro quesito e Vanessa Camargo, Sandy & Junior, Ivete Sangalo etc no segundo, entenda porque Pop brasileiro quer dizer a mesma coisa que MPB (música pop brasileira, pop no melhor sentido dançado pelo N'Sync)


Quem assina a coluna é Arnaldo Branco, desconhecido por mim até agora.

aproveito para aprensentá-lo tb em outra hp http://www.gardenal.org/mauhumor/


Pego carona na coluna escrita pelo cara aí, pra atestar que nem os "ídolos" exilados outrora, que ajudaram a escrever a história política do país, escapam da, ou fizeram (nem fazem, no presente!) algo contra a cultura.celebridade em que vivemos. quelle horreur!

como dizia cazuza: "a burguesia fede" (ouso completar) e a classe artísitca tb!
ça fait longtemps!
a.must.SEE ( PENA QUE O ÁUDIO NÃO VALORIZA )

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mercredi 25 avril 2007

entre.cinzas.e.fumaça

não fumo porque no meio da fumaça tudo parece perfeito...
e eu não me daria a tal luxo!

mentira das mais tolas. não fumo porque não consigo tragar, essa coisa "charmosa"(!)
chamada fumaça, que quando adentra meus pulmões, agride meus alvéolos mais violentamente que qualquer leão ousaria atacar uma pobre e listrada zebra.

além do mais, já é difícil reservar míseros reais pra "passagi", imagina sustentar cigarros?
viveria de maços que são mais baratos e ainda mendigaria fogo por aí!
e ainda me acho no direito de estigmatizar a fumaça como "elegante"(!!!!!)

maldita audrey, maldita hollywood, bendita família...
minha avó no auge dos 60 anos com suas imensas unhas vermelhas e seu jeito peculiar de segurar o cigarro deixa qualquer outra memória relacionada ao cilindro inflamável de papel e "matinho tratado" no chinelo! não à toa minha mãe já foi fumante, minha tia tb o era, meu pai é daqueles indecisos, que para, volta, muda pro cachimbo, pro charuto, pra cigarrilha e de volta pro carlton vermelho. =[

tragar é escolha... inalar é inevitável!

credito a primeira foto a mim e o resto ao google!
esse post fora de eixo surgiu após a exibição de obrigado por fumar!

lundi 23 avril 2007

multiplicidades individuais

como explicar o inexplicável? como aceitar que existem explicações diferentes das nossas e que não são melhores nem piores, são apenas dos outros e não nossas! O que não nos impede de concordar em parte, ou no todo, ou discordar, ou apenas tomar como uma das infinitas arestas do infinitoedro que um fato pode se tornar, com suas infinitas interpretações!
tão infinito será, enquanto infinitamente for visto.
enquanto houver duas pessoas, existirão dois lados.(apesar de sermos treinados para acreditar em verdades inquestionáveis, ou apenas para assimilá-las sem qualquer senso crítico!)Um dia a educação será justa, e não haverá a falta dela!
E compreenderemos que ter celular não é necessidade, é escolha.
Que ver tv é apenas uma das opções de ocupação "indoor" de tempo.
Que padrões não foram criados para massificar, mas para tentar harmonizar os momentos de comunhão. E que eles não precisam implodir as individualidades do ser, a infinidade do pensar e do viver.
Como afirmar, com propriedade que isso é e será um cachimbo, para todo e qualquer indivíduo?


dimanche 22 avril 2007




Desejos acumulados de fazer inúmeras coisas, me levam a uma vontade irrefreada de não ser nada por muito tempo...
ou como dissera Otávio,
"Desejando conseguir muito, nada realizei" Hugo Grotius

samedi 21 avril 2007

assim

Os segundos são únicos, assim como os indivíduos!

A vida poderia ser resumida a um dia... como esse...

jeudi 19 avril 2007

Profusão do nada!




O orkut certamente vem mudando cabeças, e muitas! em nossa terra não tão garrida como diz nosso hino.

Como uma criança, que em posse da caixinha de jóias da mãe, veste tudo de uma só vez, tornando-se uma caricatura mal feita de uma ex-dama, agora esclerosada, da sociedade, é o Brasil em relação à esse tal d'orkut.

Num país de cultura midiática, onde todos buscam, à qualquer custo e susto, seus 15 milésimos de segundo de aparição em qualquer meio de comunicação,
[seja estampando a primeira capa do jornaleco de trem segurando uma AR-15 e trajando capuz combinando com uma bermuda preta, ambos rasgados, ou ainda ocupando 4 cm² numa página qualquer da Caras, após desfrutar de seu fim de semana ilhado por futilidades e acumulando brindes pra toda a família e vizinhança, ou ainda (sim, mais um ainda) dando um tchauzinho afetado por trás de algum repórter global ou não (a câmera é o que importa) que apenas está tentando noticiar mais mortes em algum canto do país],
criar um perfil n'orkut é como ser o editor, entrevistador, fotógrafo, entrevistado e modelo de uma mídia que noticia apenas sobre sua vida. É como um certo poder de exibição, mesmo que esse poder seja o de manipular o próprio reflexo e mostrar-se o mais próximo possível dos seus desejos, contrariando qualquer frustração, em suma, é poder ter um público que o vê apenas como vc quer que o vejam. É como querer o Sol e receber asas para voar até lá.

É oposto aos desejos de quem tem a fama. Famosos vivem correndo de paparazzis, anônimos tornam-se seus próprios paparazzis.
Não é à toa que algumas "celebridades" criam blogs para divulgar seus pareceres das fofocas, ou ainda preferem eles mesmos vender fotos de suas festas ou intimidades para que assim tenham um mínimo de controle sobre as gafes da falta de calcinha, ou assanhamentos de mamilos.

O fato é que também sou usuário d'orkut, também me pego por vezes desejando o horário nobre, também manipulo minha imagem (já manipulei e me exibi muito mais) mas hoje venho percebendo e questionando as superexposições e supermassificações desses perfis quase falantes.

No início desse misterioso, poderoso e perigoso orkut, conhecíamos uma pessoa pela sua auto-descrição, e num ato investigativo, procurávamos desvendar mais sobr'ela fuxicando comunidades, que mais ou menos norteavam seus gostos e atitudes.

[num terceiro ato, mais psicopata, alguns (já fiz isso também!) ainda desfrutavam dos recados alheios como se desfruta de uma novela, seriado ou romance com cara de best-seller]

Porém para investigar comunidades, alguém deveria antes de tudo, criá-las.
E assim, friso que ainda no início, nos descobríamos pessoas comuns, ao encontrar comunidades superpovoadas sobre manias estranhas, gostos incomuns ... Até que criar comunidades virou mania! A falta de critérios para tal estava instalada e em pouco tempo o orkut virava um grande livro de piadas, com xacotas de todas as estirpes e comunidades/desabafo pra cima e para baixo.

Antigamente sofríamos por não nos adequar a determinado grupo na escola, chorávamos, tentávamos nossos pais à comprar o estojo da moda, a mochila moderna ou a caneta-faz-quase-tudo, que para escrever mesmo, não servia.

Hoje em dia os grupinhos são comunidades, a aceitação pode ser imediata, e se não for, migramos num clique pra outro grupo similar com aceitação instantânea.
E assim o orkut antes povoado de indivíduos tentando mostrar o melhor de si, a melhor face da sua individualidade, se tornou um grande mar cinzento, com todas as cores bem desaturadas e pessoas descriteriosas que veneram do tiririca à chopin, passando por comunidades Eu espirro alto!, à outras mais estapafúrdias como Eu já comi c*c*!
O que antes agregava por afinidades, hoje agrega por superficialidades, à ponto do sujeito ter de consultar sua infinita lista de comunas para saber se gosta da Britney Careca ou Cabeluda, ou ainda se prefere macarrão com queijo, ou queijo com macarrão, e se usa três ou seis cotonetes, se acha nojento palito de dentes, ou se é palito chupado de picolé.

Se dizem que a tv pensa pela gente, eu digo que deixamos de pensar na gente enquanto indivíduos, para nos sabermos enquanto membros ilustres d'orkut, ultra populares e com um sem-fim de visitas virtuais.

Vale quem tem mais comunidades, mesmo que nunca as tenha visitado senão para ser aceito.

Se eu gosto de chupar caroço de azeitona, porquê o mundo deve saber disso?

Onde está o segredo dos relacionamentos?
Pra quê casar, se o mundo sabe que vc ronca 5 vezes por noite, a cada 49 minutos de sono?

Se o peixe morre pela boca, o brasileiro morre pelo ego!

Prefiro nem ver seu perfil, à dispensar duas semanas de conversas e descobertas, num incabível clique.

E a piada é triste, em seu âmago, mas cabe e diverte, pelo menos a mim!

Ele não te ama, porque ainda não viu seu orkut!

Desculpa o desabafo, mas não vou sair por aí criando comunidades que arrecadam esmola para cada mendigo que eu vir na rua!

E também não vou cumprir o meu dever de cidadão, porque me revoltei com a política externa e resolvi participar da comunidade
anti-governo lula.

A questão é, quer fazer, faça de verdade, não crie comunidades.
Já fez, ou está fazendo e quer agregar mais bem-feitores, divulgue sua atitude numa comunidade, ligue pras pessoas, distribua folhetos na rua, ou ainda sem poluir a cidade, apenas saia às ruas contando pras esquinas o que tem feito de bom, ou, ainda mais simples, envie um e-mail aos seus conhecidos, que o orkut não é classificados, mas é sim um reflexo de si e um canal de comunicação, como um telefone ou uma secretária eletrônica, com outras pessoas . Que não necessariamente precisam saber quantas vezes você vai ao banheiro num dia.

O orkut é como uma lente fotográfica, você decide a velocidade do obturador e a abertura do diafragma. Mas não pode controlar o tipo e a quantidade de pessoas que verá às fotos.

É como a evolução da sexualidade feminina, antigamente mostrar o tornozelo era sexy e ousado, e despertava muitas fantasias e paixões. Hoje nem foto de vigina faz o mesmo.

Não caia na mesmice, nem torne-se mais um desinteressante. Não se acomode nos discursos para um incontrolável público, que pode variar de 5 a 25.000 sem você sequer ter noção desse alcance!
Um dia você acaba acreditando nas suas mentiras e perdendo-se de si mesmo.

Uma tarde e alguns goles de café, ainda são mais prazerosos que a troca de alguns scraps bem escritos!
Ao vivo ainda é melhor que gravado, teatro ainda é melhor que tv e cinema, o mundo real pode não parecer, mais ainda é mais surpreendente e interessante q'orkut, ou qualquer outra coisa que possa ser encontrada no google.

Tecle menos, converse mais!
Toque mais e clique menos.
Chega de ampliar fotos, abra mais o olho.

desculpe o desabafo, mas eu mesmo estava precisando ouvir, ou ler isso!
Enfim, nunca me disse santo, nem anti-internauta!
Mas a vida exige mais que conhecimentos de windows e contas de e-mails!

Sorrir diante de uma tela, é tão patético quanto tomar um banho para melhorar o ânimo!
Nos apegamos a necessidades desnecessárias!
A simplicidade de pequena miss sunshine, desbancou superproduções hollywoodianas.
Podemos ser um filme B latino, de baixo custo e lindas imagens, lindo roteiro e belo final!
Não precisamos ser uma trama global, nem tampouco uma novela da record ou um recordista hollywoodiano.
Precisamos ser nós mesmos, e entender que somos únicos, repletos de multiplicidades.
Não oferte seu msn, convide-me prum passeio.

Tudo parece lindo e verdadeiro, mas lá no fundo quando sinto necessidade de ser além de pensamentos, escrevo aqui!
Quando canso de me ouvir e preciso dividir, é a este blog que recorro, mas não só!
recorro também a infindos telefonemas aos amigos, e até que a orelha esquente, não digito um caracter sequer.

e assim vou vivendo em meio a devaneios e coisas que não sei pq falo, mas sinto que preciso falar!

escrevi e postei, depois releio, conserto e podo o que tiver que podar!
vou nessa que estou sempre com pressa!

*revisado, consertado e podado! =]
se achar algum erro, notifique-me e ajude-me a melhorar meu arranjo de letrinhas!

mercredi 18 avril 2007

de para, para de

Há um blog.
Neste blog há um título...
e um subtítulo.
...para todos e para ninguém, é o que diz o danado.
talvez o correto seja, de todos e de ninguém.
Um pequeno erro de preposição
causando um grande erro de compreensão.
O sub, é copiado, talvez como a maioria de mim...sim.
Quando estou plural, tenho maioria, por quê não?
Quando estou vazio, não há nem unidade.
Isso deve explicar a troca de preposição, não no sub
que permanecerá intacto,
afinal quem ousaria molestar nietzsche, zaratustra e os superhomens,
sem qualquer desespero moral?
Onde quer que haja letras ajuntadas, deve haver título, ou não!
A contradição do plural tem sido tanta, que a hora do ninguém é feita de repetidos gozos silenciosos que exaltam o inexplicável e tornam ápice um corriqueiro momento que desprezaria, qualquer outro dia...
menos hoje.

Vá buscar uma pedra e uma corda... e não se demore!


[inexplicável, talvez! mas é assim que me sinto!]

lundi 16 avril 2007

asterisco

Nota sobre o post:
Ao falar, me canso, ao calar me exalto.


- Não maldigo o registro.
Apenas me valho dele para dizer
que algumas coisas merecem
habitar apenas a memória.

dimanche 15 avril 2007


TALVEZ EU NÃO DEVESSE SEQUER EXISTIR

vendredi 13 avril 2007

salto ornamental de um trampolim macio e quadrúpede.




ao encostar das pálpebras,
inicio um encontro com algo em mim
que não resiste à luz da vida
ao barulho das luzes
ao brilho dos olhos
e ao gargarejar dos sorrisos
sempre alheios
sempre cheios
nunca pela metade.
ou talvez sempre cheios pela soma das metades.
ao encontrar com esse tal a que me refiro
sinto meus pés flutuarem
como num mergulho do avesso
no lado certo da fita
que rola sem reverse
até o fim que me leva
à brutal queda
de um travesseiro raso
e me traz de volta
ao pedaço esquecido do que realmente sou.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

"Sonho parece verdade quando a gente esquece de acordar"
Sonho - O Teatro Mágico


"céu azul
é o telhado do mundo inteiro
sonho é uma coisa que fica
dentro do meu travesseiro
"
Eu não sei na verdade quem eu sou - O Teatro Mágico


Ao falar, me canso, ao calar me exalto.




quem assina
vacina de si mesmo a palavra que não lhe pertence.

ao sair daqui, não há separação de bens, cartórios nem advogados
envolvidos que possam reaver o que por bem deveria ser sabido de pequeno.
somente à ética pertence qualquer verbete proferido,
organizado ou não,
rimado ou desritmado.
o que é seu está guardado
no lado esquerdo de uma massa
dita cinzenta
mas que reflete
como num prisma
toda gama capaz de existir
em um branco feixe de luz.
hoje sou voce sem acento,
amanhã serei você no plural
quem serei eu ao dizer que
a mim pertencem aquelas que
nem sempre com fluidez
de mim se desgarraram?
serei tu, ele, vós, nunca nós
pois só alheio a minha vontade
diria uma coisa dessas.

Gozado pensar assim.
Dia desses refletia sobre a muleta que criamos para auxiliar a memória.
e que pode ter sido o boom da evolução, ou não!
O registro por assim dizer, nos poupa de gravar dentro o que pode ser arquivado fora.
Assim sendo, nunca decoro o que escrevo, nem mesmo o que leio.
ao final de uma página me percebo incapaz de lembrar o que dizia o primeiro parágrafo.
ao final de um livro, já não lembro se havia prefácio, folha de rosto, ou mesmo enquanto desfruto de qualquer brochura, me indago de que cor seria a capa.
Esquisito, não?
Me recordo agora de um professor que certa vez nos fez uma pergunta ordinária.
Sem que pudessémos olhar para trás ele falou: há alguma tomada naquela parede? (a parede do fundo da sala de aula) um momento de hesitação foi o gancho para ele prosseguir... de que cor é a tomada? No ar ficaram duas medíocres dúvidas que ninguém ousava afirmar.
Li há pouco, não lembro onde (confesso), uma reportagem sobre como somos mal treinadores da memória, tanto coletiva quanto pessoal.


Ah! sim...sim, li na revista Seleções.


A matéria me fez pensar, em stand by, sabe? eu penso, mas não noto que penso e depois de semanas me vejo com certas indagações urrando por respostas.
Enfim, chego a conclusão que o registro nos inibe tal treinamento, nos faz acomodados, preguiçosos e displiscentes com algo que pode se agravar com os anos e degradar nossa qualidade de vida futura.
Para quê decorar uma receita de bolo se o livro está logo ali na estante?
Para quê decorar um romance, se comprei o livro, e mesmo que fosse alugado, ele sempre estará a disposição para eventuais reencontros?
Para quê lembrar-se dos finais de novela se há o vale a pena ver de novo?
uma nova exibição de uma trama emblemática, e lá vamos nós pr'um novo bolão, apostar quem matou, explodiu, suicidou-se, casou, separou, passeou no jardim botânico, virou pedra, comeu flor, morreu, virou nuvem, foi preso, julgado, eleito etc e tal.
Passeando por esse assunto...arrisco até a dizer que a tal milagrosa e modernézima urna eletrônica que só o Brasil usa (pq é o must dos musts em anti-fraude certo?) deveria emitir um boleto de voto, com número, nome e foto do candidato em que votamos, sim, isso evitaria no mínino situações vexatórias em pesquisas públicas sobre eleições passadas.
Você lembra quais candidatos foram agraciados com seu voto nas últimas duas eleições?
você lembra ao menos se a última eleição foi pra presidente ou pra prefeito? Ah! Essa é fácil, pois a apenas algumas semanas, nosso digníssimo animal marínho completou seu quadro ministerial do segundo mandato, ou seria terceiro?
Pelo andar da carruagem, já nem lembro em que ponto peguei o ônibus, nem ao menos estou certo se peguei o certo. (ih!!!!! palavras repetidas na mesma frase... desculpa, esqueci que já havia usado "certo") mas cá entre nós, os ônibus deveriam repetir a cor da lataria também no interior, não acham?
Outro dia peguei um ônibus, sim era o certo, mas na hora de descer achei que havia pego outro e briguei com o motorista por me deixar longe do ponto. Quanta confusão por culpa da péssima atenção e acomodada memória. Eu estava descendo no ponto que queria, mas por achar que estava em outra linha de ônibus, programei minha cabeça para descer um ponto antes e andar duas quadras até meu destino.
Veja que loucura!! E pessoas assim ainda circulam por aí, sem qualquer identificação de insanidade.

Assim também funciona minha memória fotográfica,
canon Fk-500.
Tô brincando, quando criança devo ter sido fotografado com uma rollerflex (é assim?).
Enfim, graças à rolos e mais rolos de filmes, posso dizer que lembro da minha infâcia.
Quanta infâmia!!
Quanta cara-de-pau!
Num país com nome de pau, a economia deveria sobreviver de óleo de peroba. Se pelo menos bons cremes para as madeiras faciais atingissem a toda população, poderíamos entrar no ranking das superpotências.

Mas voltando ao primeiro gole de café, lembro-me apenas e verdadeiramente, do que me foi contado sobre os momentos registrados em fotos.
Quando somos pequenos, o mundo é por nós percebido como exagerado.
Tudo é grande demais, alto demais, extenso demais,
confortável demais e o oposto demais também.
Quem já teve a experiência de visitar, anos depois,
a casa em que foi criado piá, já sentiu essa sensação.
Nossa como parecia ser enorme esta pequena casa!!
(é um dos primeiros pensamentos que temos)
E ao refazer um percurso de infância?? O que antigamente era de casa até o colégio, hoje é de nada para lugar algum, mas que mesmo assim parece bem mais curto. Antes eu dava 4 passos apressados para cada passo da minha mãe e cada dois passos da minha irmã, mais velha é claro.
Hoje minha irmã me acompanha, e minha mãe tem que dar dois passos para cada um meu. Eu cresci, ela já havia crescido. Hoje sou maior, um dia fui parte dela. E ela, com nossos momentos não fotografados, não registrados em diários, não explorados por nenhum registro e que ainda hoje permanecem, ainda que poucos, em sua memória, é a minha ponte entre pés tamanho 43, um corpo de 1,80m e a foto em que eu cabia numa banheira com menos de 60cm de comprimento.
Quem mais senão a irregistrável, e com potêncial pouco conhecido, memória afetiva, para me garantir que sou a soma de tudo que dizem que um dia eu fui?
A propósito, a menos que comece a treinar bem sua memória, AGORA!, tire incontáveis fotos de todos os momentos picorruchos do seu pimpolho, antes que ele cresça e vc não passe de uma frágil corda entre o futuro/presente, e o presente/passado dele!
Ah! e o estopim para meus devaneios sobre muletas, fotos, registros e memórias foi uma frase desse cara aí:

Fabrício Carpinejar
"Ainda prefiro os poemas que não escrevi. Não foram julgados pela releitura. Foram perdoados pela voz."

e certamente continuam flutuando pela memória.

O assunto é vasto, os afluentes são numerosos e perder-me no caminho das palavras é sempre inevitável. perdoem quem quer que as tenha derramado. já não lembro quem fui!

mercredi 11 avril 2007

Sobre Paradise Now, por e-mail.




ele pergunta: E o que achou de Paradise Now?


Respondo: Eu não poderia ter assistido Paradise Now em melhor momento. Sabe tudo que eu disse, no dia do filme aqui em casa, sobre carnificina gratuita?
Pois bem, paradise now é foda, emociona, deixa a gente nervoso, apreensivo, torcendo por um desfecho que não acontece e no entanto o que não desejamos acontece de maneira simplista, linda e sem deixar de mandar o recado e causar o mesmo desconforto. Ah! e claro, tudo sem uma única gota de sangue. Não precisamos deixar a violência entrar na nossa sala, comprar violência, alugar pra acompanhar a pipoca, assinar ou sair de casa e pagar uma fortuna por ela, para saber que ela existe e ficar indignado com os acontecimentos.
Bom, como opção vou procurar ser mais vegetariano com filmes e na medida do possível com a tv tb. Assim como a nudez banalizada, a carnificina exacerbada tb perde a graça e se torna habitual. E o que me deixa mais besta é que além da violência real, exibida nas tvs e reconstituída nos filmes, ainda existem as ficcionais que fazem o maior sucesso, como o filme que vimos aquele dia! Bestialidades gratuitas e despropositais. As personagens pouco apresentadas a nós, naquele filme, poderiam ter se fortalecido ou enlouquecido psicologicamente em outras situações. Não falo só dos monstros horrorosos, o que foi aquela cena do acidente de carro? Eu poderia viver perfeitamente sem aquela cena. Tb tenho me revoltado com cenas recentes da tv, que acho até que já comentei contigo, do braço dependurado de um jogador de futebol e do acidente de corrida em que um cavalo morreu na hora com o pescoço quebrado e outros 2 tiveram que ser sacrificados. Pq a tv tem que mostrar isso? Tenho certeza que se tivessem conseguido um vídeo do João Hélio sendo arrastado, seria a imagem mais exibida desta segunda metade da atual década. Esses questionamentos me invadem agora, mas sei que não sou o único a pensar nisso. Nem muito menos o primeiro. Enfim, chega de escrever, vc tem que trabalhar.
Bjãozão


--------
Pós-escrita + Contra-indicação.




O filme que me refiro é O Abismo do medo. Não recomendo há qualquer espécie dotada de grande capacidade emocional.Tb não recomendo o igualmente dispensável A Caverna (um plágio mal-feito do primeiro aí de cima).
Quanto aos jornais impressos e televisivos é importante consumi-los com moderação.não hesite em mudar de canal ou desligar a tv.
Mas se vc gosta de ver tragédias e carnificinas o problema é seu. cada um gasta seu tempo e dinheiro com suas idiotices e besteiras.





Pós-postagem:
Enquanto editava a configuração do texto me peguei pensando em imagens violentas e chocantes que permearam a minha infância e talvez tenham sido vistas por vocês.
Falo do acidente que levou nosso grande piloto Ayrton Senna à morte e tb das fotos do acidente aéreo que nos tirou os, então fenômenos pop, Mamonas Assassinas. Tão grande é a falta de respeito pela vida, tanto a própria quanto a alheia, que em vez de dar valor a ela, cultuamos a morte. E não me refiro a mortes serenas e naturais, mas sim a morte trágica.
Até que ponto esse canibalismo visual é benéfico? Pq os malefícios me parecem, numa análise muito superficial (confesso), bem visíveis. Tudo que vemos, ouvimos ou temos contato com um dos 5 sentidos, compõe nossa biblioteca da vida. E tal qual crianças, que inicialmente repetem atitudes e comportamentos alheios (ou as únicas referências que compõe sua biblioteca), nós, mais crescidinhos, não estamos livres de a qualquer hora [re]agir a situações análogas as que permeiam nossa bagagem, de maneira igual a captada anteriormente. Por isso penso que se os meios de cumunicação conseguiram sua liberdade de expressão, nós o público, temos que ter um mínimo de censura na aquisição das informações. A mesma liberdade que há para mostrar, há para ver. Não é à toa que temos pálpebras.

1:40 da madrugada

Neste exato momento tenho muita vontade de escrever e muita vontade de dormir.
Julgando o tamanho deste post percebe-se a escolha feita.

Sou uma vitrola que só toca lps arranhados.
e não canso de emanar...
"tenho pressa e tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim"
(ou qq coisa do tipo. a voz é da toller e ecoa pelo quarto disforme de 8 faces)

antes de iniciar o ronco, registro pra facilitar a lembrança futura, que paradise now é um filme que vale o içar das velas num dia de tempestades.

boa noite e boa morte.

lundi 9 avril 2007

objeto de desejo


de Felipe Fernández Armesto


"...resta uma certa perplexidade - nos sabemos humanos e tão diferentes de outros tipos de animais, mas, afinal, temos uma boa justificativa para nos colocarmos tão à parte deles?"

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escrevo pra ninguém ler. até hoje só atingi um máximo de 3 gorjetas. que pobreza :-..(

sublimação


admiro teu beijo enquanto desejo tua boca


I wanna talk to you

Há um certo libanês de 23 anos que recentemente conseguiu bater recordes de venda de álbum e de single, de downloads e de visitas ao myspace concomitante à conquista das paradas britânicas e a menção do lançamento de seu álbum no site da "loiretesouantenadaeseitudodemoda" Erika Palomino.
E tudo isso ainda é pouco pro rapaz que consegue usar falsetes melhor que Mariah Carey, ser além de purple, violet sky, coisa que nem o próprio Prince poderia fazer melhor, sem contar a maneira "maisdeliciosaqueoscenáriosdarecenteFantásticaFábricadeChocolatesdeTimBurton" e "maisinteressanteeinteligentequefilmesculteuropeus" que o rapaz canta sobre um tal de Billy Brown, casado, com filhos e apaixonado por outro homem, personagem que poderíamos encontrar em qualquer esquina.
Com todos esses strikes em sua estréia, aliados ao "jeitinhoafetadotalvezumrestodeBowiebatidocomcharmedeJimMorisson" do moço, você não tardará a ouvir (ou ver) e certamente se apaixonar pela "tãopegajosaegostosaquantobalatoffel" música, GRACE KELLY.
Então, extasie-se com o clipe abaixo e não deixe de cantar junto.




Ah, a propósito este excelente pianista chama-se MIKA.


Grace Kelly

(I wanna talk to u
the last time we talked, Mr. Smith, u reduced me to tears
I promised u, U won't have it again)

Do I attract you?
Do I repulse you with my queasy smile?
Am I too dirty?
Am I too flirty?
Do I like what you like?

I could be wholesome
I could be loathsome
I guess Im a little bit shy
Why dont you like me?
Why dont you like me without making me try?

I try to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I try a little Freddie
Ive gone identity mad!

I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why dont you like me?
Why dont you like me?
Why dont you walk out the door!

(Getting angry doesn't solve anything)

How can I help it
How can I help it
How can I help what you think?
Hello my baby
Hello my baby
Putting my life on the brink
Why dont yo like me
Why dont you like me
Why dont you like yourself?
Should I bend over?
Should I look older just to be put on the shelf?

I try to be like Grace Kelly
But all her looks were too sad
So I try a little Freddie
Ive gone identity mad!

I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why dont you like me?
Why dont you like me?
Why dont you walk out the door!

Say what you want to satisfy yourself
But you only want what everybody else says you should
want

I could be brown
I could be blue
I could be violet sky
I could be hurtful
I could be purple
I could be anything you like
Gotta be green
Gotta be mean
Gotta be everything more
Why dont you like me?
Why dont you like me?
Why dont you walk out the door!
(Hempfrey, we're leaving)



RECOMENDO TAMBÉM A VERSÃO "AOVIVONATEVÊ" DA MESMA MÚSICA.

vendredi 6 avril 2007

miscíveis e imiscíveis

quando você é chato, não me suporto
quando você é leve, toco o céu
quando você é mole, sou a bahia
e quando é cartilha, sou bacharel


quando você é caos, sou desequilíbrio
quando você é vento, sou tempestade
quando você é cedo, ainda não existo
e quando é riso, não tenho idade


quando você me chama, ecôo versos
quando você me vê, reflito gestos
quando você cochila, invado sonhos
e quando se vira, sou caótico


quando morrer quero ser refém de tua poesia.

mardi 3 avril 2007

declaração.pós.sublimação

não há em qualquer mundo melhor ouvinte que a folha em branco.
pautada ou não, nela externo o que me aflige e fascina, e recebo de volta fielmente o quê (e como) quis dizer para ser julgado apenas por mim do plano avesso àquele em que tudo parece complicadamente indissociável, como uma pesada brochura de esboços sobrepostos.


minhas.notas:
1 - além da folha, os terapeutas e psicólogos tb parecem ser ótimos ouvintes, principalmente no que tange o sepulcral silêncio proferido durante as falanças dos pobres e sedentos pacientes.

2 - não menciono amigos, e nem por isso os desvalorizo, pois quando falamos à eles não estamos buscando bons ouvintes, mas sim bons refrescadores de memórias, debatedores e sinceros opositores.

3 - fica claro que o ouvinte imitador e falante invertido no espelho está fora desta declaração devido à sua incapacidade de exercer a primazia da raça humana: O Registro para posteridade. A menos que haja uma câmera filmadora por perto tais declarações tête-à-tête com essa janela para o infinito permanecerão à mercê de minha falha memória.

rapidinha demorada!

Ousarias tu me amares enquanto passeio
com minha língua por teu tornozelo?

dimanche 1 avril 2007

em narciso

Ainda que reconhecesse meu reflexo,
afogar-me seria mero ato inconsciente
ou furto de tragédia alheia.

A admiração perpassa a imagem e
ao recriá-la, quem ousaria negar-lhe concretude?

Afogo-me quando desconheço meu avesso
e volto a respirar ao rebobinar da memória.