dimanche 4 décembre 2011

reflexos de um outro :)(: ortuo mu ed soxelfer


de que adiantaria uma existência sem arte no olhar?
sem a parte do amar?

somos a metafisica de um corpo real e imaginado em constante simbiose sensível com o áspero surreal em que nos encaixamos.
tudo pré-fabricado ou artesanal que nos cerca, ganha sentido pelos nosso imaginário.

do flerte ao adoro ver-te verde ou verde flerte, só somos quando o ingrediente extra do olhar amaciadamente imaginativo está presente.
ousaria até dizer que está no comando.
Como repito pra mim, e recordo-me que falo isso desde sempre(veja bem, sempre é muito, mas digo sempre porque minha memória não vai tão longe, e mesmo que fosse, talvez sentisse a presença dessa filosofia do olhar na mais antiga memória que conseguisse alcançar.) não nos relacionamos com o mundo de maneira direta, mas através de lentes ora coloridas, ora cinzas. Lentes da sensibilidade.
Alguns apenas possuem lentes cartesianas, com um cruel grid que pifa ao menor desalinho dos planetas, suponho eu.

Mas estava dizendo sobre nossa incrível coleção de lentes, sempre enriquecidas pelas trocas culturais, guturais e audazes com os outros ou outros mundos. (configurando aqui "outro mundo" qualquer esquina desconhecida a 500m ou dois passos de onde transitamos com maestria - e vale ressaltar que mesmo a transitação repetida milhões de dias nas últimas memórias que consigo acessar, ainda não consigo atingir a destreza necessária à maestria na maior parte desses chãos cujos centímetros, por milhas acumuladas, deveriam ser íntimos dos meus pés, os dois.)

Somos nós + todo o resto. em nós reside a capacidade de criar, em todo o resto vemos a multiplicação falha e obtusa de metafóricos cacos de tudo que os outros criaram, hoje e no sempre que nos precedeu.

m`invade a angústia da lama copy+paste em que nos encontramos nessa época { séc XXI - 2011 - virtualização da sociedade e de sua compreensão enquanto múltipla e povoada - revolução tecnológica midiática } de transformações competindo com os velocistas mais cruéis que habitam as savanas africanas e os trens mais inacreditáveis produzidos em terras cujas mentes coexistem em crânios de olhos puxados.

porém também me trago à luz do pensamento uma vaga idéia de que essa sensação possa ter habitado qualquer outra cabeça de outro tempo civilizado, por achar que por não conseguirmos(nós, raça humana, since the beggining) adivinhar o que vem pela frente, ora pois, não concordas que agora sempre alcança o ponto mais alto do termômetro? E a sucessão de 'agoras' que sempre batem recordes nos levam a aumentar cada vez mais esse termômetro, implodindo assim as verdades medrosas de um futuro impossível e os recalcados olhares pr'um passado que  sempre parece menos, pobre, lento e (complete comigo) desaturado e enfadonho?!

olhamos par tras e vemos poeira e cores de outrora que nunca encontramos no hoje, a menos que se use filtros instagrâmicos.

Pense na cozinha de sua casa d'infância e me diga se o bege envelhecido e toalhas amareladas não pintaram sua memória?
E a luz, sempre solar, sempre difusa, sempre com um leve toque de fog londrino ou centrão do rio antigo na rua bater street(redundância que irrita o bilíngue e passa batido pela santa ignorância) do romance do jô?

perdido como no costume antigo que já não me habitava há tempos, o fio trançou idéias que não dançavam no móbile das sinapses quando iniciei esse texto.
pois perdoe-me. perco-me mais a cada irritante alteração automática que esse corretor de línguas impulsivo e mortífero faz quando escrevo algo que não existe ou palavra que ele julga melhor com outra grafia(e significado, que fique claro!) ou até outra língua.
Vejam vocês que pus a rir de nervoso e socar o teclado ao ver que esta bela merda de corretor do Editor de Texto da apple transformou meu SOMOS em SOMMO. Que diabos é SOMMO? italiano, talvez? Como meu sobrenome? Hum… quem terá configurado esta merda para ser poliglota e adequar qualquer junção de caracteres ao seu bel-prazer?

pois somos reféns dessas tecnologias pq assim nos colocamos.

Poderia escrever este texto em bom papel com esferográfica de tinta azul furta-cor brilhante para depois divulga-lo às portas de centros culturais em mal xerocadas folhas de sulfite amarelo.
mas não. Não vivo sem um bom batuque-macumbeiro num teclado incapaz de me responder sozinho.
=/

é a vida segue.
Como deve.
Com brilho no olhar(nem sempre, mas quando dá.)
Com imaginação nos óculos de formatos inacreditáveis.

uma pausa - minha geladeira faz barulhos bizarros. Volto já.

barulhos inexplicáveis ao simples mortal que tortura esse teclado e seus olhos checado, posso prosseguir rumo ao desconhecido.
será mesmo desconhecido?

quantas vezes não passei por esse mesmo meaningless  blá blá blá?

 - sei lá! é pra chegar a um número como resposta? HAHA ¬¬! go to hell!

time to stop!

i`m feeling so boring! 
so not imaginative!
no not a special little monster genius! ou seria genius monster?

Sei lá.

Deixe a conta do oculista sobre a mesa e saia sem bater a porta com muita força.

see you later, akinator. hehe

hope this state of mind lasts forever. or at least until tomorrow.

à bientôt!

vendredi 2 décembre 2011



mais um fim de ano.
outro fim de ano.
fim. fim. fim.


/CORTA/

entendo cada vez menos o que esse sanduíche de vogal quer dizer.

vivemos de fins fictícios.
todo aparente final deixa uma marca que dura.

todas as marcas desaparecem com a morte? o último dos finais?
sobram dúvidas.

todo objeto, finito em si mesmo, se desdobra em funções, utilidades que, com imaginação, podem ir além do que foi proposto.

uma artista disse algo, certa vez, que foi parar em seu folheto de exposição,
não lembro seu nome, tampouco saberia dizer quais obras a pertenciam, mas a frase permaneceu, com os ajustes da minha memória (c`est vrai!), mas mesmo desfigurada restou.
Era algo como: "quando termino uma obra, então, ela começa a existir."

um fim trampolim pra existência frente outros olhos, outras percepções.

e cá estamos nós, caminhando - ora longos, ora curtos, exaustivos ou prazerosos -  365 dias para mais um final de ano.

mesmos costumes, mesmos arranjos, pequenas diferenças, semelhança nos sentimentos, renovação estampada no peito, ou na testa.
um desejo infinito de não ser os mesmos que fomos no ano que passou.
há quem discorde e bata o pé para ser o mesmo, sem tirar nem pôr.
não acredito em tal façanha. Mesmo os mais contentes e resolvidos querem melhorar, ou só mudar.

variar um cardápio, um comportamento, a-pren-der.
desviar um pouco o olhar daquilo ou desfocar nisso.

não sei dizer ao certo.

me confundo com esse conceito.
quando um filme acaba, ou um livro, uma peça, uma novela, sentimos, imediatamente no segundo após, um vazio. um buraco se abre e nos resta a costumeira passagem de tempo para que o sentimento diminua e a atividade seja substituída por outra.

os fins de ano são como um subir de créditos de um filme.
repassamos o que houve de bom e ruim, e com isso também enumeramos nomes, papéis, cenas, momentos para rir ou para chorar.
mas de repente… tudo está de volta aos trilhos. parecendo igual, mas sendo diferente nos cabeçalhos.
Não encontramos, mesmo com férias, esse tempo pós término de uma leitura, para digerirmos o que passou e repensarmos ou escolhermos o que virá em seguida.

e por isso utilizamos dezembro como um grande redigir de créditos, méritos e deméritos, culpas, refinamentos das atitudes, correção dos focos, repassamos um script inexistente, inaprisionável como o tempo enquanto fantasiamos o mês de felicidades, festas e corridos compromissos que não conseguimos honrar nos 334 dias anteriores.

dezembros são como sextas-feiras atribuladas de trabalho e com tempo garantido pra cerveja, ou domingos mergulhados em preguiça, mas com uma pilha de roupas sujas e louças na pia a serem expurgadas.

finais são sempre corridos e mais plurais que as outras divisões temporais.
são uma mistura de acúmulo de competências e incumbências com comemoração e alívios de deveres cumpridos (ou quase 100% atingidos.)

para mim parecem nostálgicos e visionários.
neles somos torcida, jogador e técnico ao mesmo tempo.
torcemos pela vitória, agimos em prol dela e arquitetamos os passos(ou seguimos os instintos ou o ritmo) esperando que sejam alcançadas. Nem sempre pelo simples prazer de ser vencedor, mas pelo prometido descanso subseqüente a qualquer final.

e aí reside toda a ficção da coisa.
não queremos só que acabe, queremos o descanso merecido ou melhor, queremos que acabe para que haja um novo começo que sempre vem num ritmo mais lento.

vitorioso ou não o final implica em mudança de ares.
em novidades, em excitações, descobertas e novos aprendizados.
novas terras onde possamos usar a bagagem da terra antiga como adubo.

os assuntos aparentemente findos, nunca morrem, apenas dormem dentro de nós.
durante esse estado podem ser dissecados, redistribuídos, desempoeirados, exibidos ou diluídos num esquecimento raso em que perdem a cor das significâncias. como somos insensíveis. como são desapercebidos nossos modos de categorização, que acham que martelos só funcionam com pregos e chaves só entram em portas.

tudo pode ser tão amplamente multiplicado pela imaginação combinatória desprendida de encaixes que me resta a concordância com o Nada prova nada do circo de rins e fígados de gerald thomas.

entrar num cômodo não invalida o retorno ao anterior, virar uma página não extermina o conteúdo da que passou, encerrar mais um ano não apaga o vivido.

lembranças permanecem e envelhecem. são recauchutadas pela seleção natural da felicidade (ou qualquer que seja o sentimento no foco da ribalta em seu atual estado de humor ).

variamos as lembranças, ano a ano. apagando pessoas ou incluindo outras, atribuindo a elas os cheiros da infância ou as lamúrias de alguma data dada como esquecida. que perigos são esses milhos velhos em cabeças inquietas.
mas presumo acreditar que apesar das escorregadias e nada confiáveis memórias, o aprendizado permanece. o comportamento é revelado diferente.
uma repetição com um leve grau de curvatura já não pode ser classificado(olha esse diabo aqui de novo) como repetição.

mude um botão e a camisa será nova.
mude uma pedra e a paisagem não será mais a mesma.
nem todo mundo concordará. nem todos conseguirão perceber a pequenez de um pedacinho diante do todo, aparentemente igual.
mude de 31 para 1º, ou o último algarismo de um ano e apesar da minha descrença de começos, meios e fins, teremos uma nova configuração no dia a dia.

é quer saber mais… não acontece só uma vez por ano, ou 12x.
pare de tentar contar nos dedos, fechar agendas, mudar os calendários…
o tempo, incompreensível tempo mudou agora, enquanto você piscava e meus dedos alternavam de uma tecla pra outra.

não é preciso chegar ao fim, para se propor um novo começo.
tempere sua vida como nossas avós temperavam nosso almoço de domingo.
vá provando e salgando quando necessário.
e não se esqueça que esse trabalho pode ser diário ou com a periodicidade que desejar.

grandes mudanças só acontecem com…
(ainda não me sinto preparado para finalizar a frase em poucas palavras.)

fica pra próxima vida, pro próximo dia ou quem sabe pro novo ano que aguardamos ansiosos que se torne velho.


que sejamos capazes de perceber surpresas e mudanças a cada passo, com menores intervalos de tempo. não espere 365 dias para tirar um bom gole da panela que está no fogo e perceber que ainda falta um pouquinho de sal.

perceba 2012 como não percebeu 2011. perceba seu hoje como partes de todos e como um todo encerrado em suas próprias partes.

ahh, zenão. como gostaria de conhecer-te.
teríamos muito o que discutir.
e talvez não chegássemos, em milênios, a sair do lugar.

só há a certeza da dúvida.
o resto, é questionável.

palavras ao vento de alguém que pretende não temer tanto os fins, perceber mais os meios e gozar de recomeços, sempre.

dimanche 13 novembre 2011

NZT - transforme-se!


Acabo de assistir Sem Limites (limitless), o filme, e me resta uma pergunta - que talvez tenha impregnado a cabeça da maioria dos espectadores - "E se fosse comigo?".

Não falo da droga, a possibilidade da posse de algum medicamento como aquele, nem me passa pela cabeça. Surreal demais (que uma coisa dessas, ainda que exista, caia nas minhas mãos). Mas e se fosse possível atingir um nível de atenção, inteligência, objetividade, compromisso e concentração tão amplo quanto àquele do filme? De maneira natural, é claro?
Afinal, tudo parece tão absurdamente vazio e sem sentido, daqui, do meu posto, do mirante d`onde vejo o tempo, irreparável e irrefreável, avançar uma unidade de cada vez.

(*suspiro*)

Então começam os planos, os métodos através dos quais, poderia vir a ter um pouco mais de atenção (quem sabe até dobrar a que tenho hoje), comprometimento, rédeas, objetividade, inteligência... quem sabe?

Listinha mode:on
- parar de fumar
- aprender a beber (o suficiente pra ficar desinibido, leve, mas não embriagado)
- começar a correr, fazer exercícios (praticar alguma atividade que me traga prazer pessoal - corrida traz um pouco - deve ser a serotonina, adrenalina, ou qualquer outra química dessas que nosso corpo produz pra satisfação e bom funcionamento próprios.)
- dormir cedo
- acordar com o sol
- arrumar o necessário
- descartar o desnecessário
- aprender a me dedicar a algo que não beneficie só o meu umbigo
- controlar a ansiedade
- tentar ser mais sincero comigo
- ter mais confiança nos outros (e em seus julgamentos)
- aprender a não julgar tanto (mas nem por isso voltar a ser ingênuo)
- externar monólogos internos (mesmo que o diálogo seja bate-volta no divã de um analista)
- ser mais objetivo (e não tão subjetivo e disperso em assuntos, funções e interesses como sou hoje. veja bem, interessar-se por uma cartela pra lá de plural de assuntos nunca foi negativo, mas querer dominar todos e me sentir na obrigação de ter conversa fluente com qualquer outro ser conversador, só me levou, até hoje, a consumir e acumular fontes que me desinteressam em 3 linhas ou 40 páginas)
- aprender a respirar melhor (e a controlar isso)
- meditar
- conhecer melhor meus limites, meu corpo e cuidar dele
- saber ouvir
- melhorar a alimentação
- controlar os sentimentos
vou parar por aqui, senão começo a ficar repetitivo demais, iludido ou zen demais pro meu gosto. (e disperso no assunto principal, que é aumentar a quilometragem por litro)
O fato é, dessa lista pequena, sei o que consigo, o que posso e o que devo fazer, mas não começo. Por quê?

Não sei dizer, mas quem sabe um analista soubesse.

Sometimes a clareza e consciência simplesmente aparecem, e tudo se encaixa. seus sentimentos não te traem, seu poder auto-sabotador não põe as manguinhas de fora e tudo isso dura tão pouco que ao acordar no dia seguinte você se sente incapaz até de sair da cama. Talvez sejam as cobranças, a falta de organização e sinceridade, a falta de percepção de que é necessário fazer tudo numa ordem viável. Querer devorar o mundo sem antes se alimentar, tomar um bom banho e fazer uma pequena lista de tarefas possíveis, em escala gradativa de necessidade de atenção e empenho de forças, pode ser impossível. E percebo, nos últimos tempos, que acordo com uma ânsia, uma necessidade de acordar pronto, de estar alerta, que começo até mesmo a duvidar se eu dormi. Desconfio que quando meu corpo me cobra mais de 12h de sono, o que não tem sido esporádico, é pela falta de dispersão e imersão no sono, no descanso. Posso acordar com o corpo um pouco mais relaxado, mas a cabeça, no momento em que se torna consciente, já se cobra uma 5ª marcha de cantar pneu, perder a direção e bater no primeiro poste do caminho. Dito e feito. Na primeira possibilidade de desestabilização de humor, de fragilidade, de cobrança, lá estou eu, esbravejando, querendo correr, fugir, chorar, ou tacar mil copos contra a parede.

Incrível esse estado de descontrole, emocional e químico, em que percebo me encontrar.
A percepção da situação não é nova. Tem pelo menos uns 4 anos (que reclamo me sentir um pouco menos inteligente, com uma capacidade pra lá de defasada.) Mas é novidade conseguir jogar na minha cara a falta de movimento e motivação contra essa corrente que me joguei, sem entender que era preciso nadar. Preciso me tornar oposição de mim mesmo - que redundância feia - se quiser mudar, tomar outro caminho, escrever outro presente, com uma possibilidade de futuro um pouco mais brilhante. O discurso não é acompanhado pela ação. Melhor, não tem sido.

E isso pode mudar. Com NZT, ou com um pouco mais de paciência e atitudes diárias.
Mudar não é fácil, mas o entendimento do que é dificuldade, num momento como esses - ou em qualquer outro - pode se transformar diante da força, do empenho, da percepção e do entendimento aplicados  em determinada ação, rumo a determinado objetivo.

Tudo muito incerto, mas quem disse que o impossível reside no presente? Ele é sempre protagonista do futuro, do inexistente. Tudo é possível, só por hoje, só agora, e o futuro deve ser afinado(redesenhado, atualizado) sempre ao final de cada tarefa.

Será?
Pagarei pra ver. Mas só amanhã, porque agora preciso entender que dormir é minha única opção, dentro das possibilidades de mudança que acabei de me propor. É o que me cabe fazer às 2 da manhã, com cabeça e corpo cansados, sem companhia, de barriga cheia e casa limpa.

Que amanhã seja único, como pode ser qualquer percepção de um repetido dia.


I need a dog
To feel my voice is being heard
My thoughts are being shared and my faces and looks are being seen.
I need a dog to feel I´m sharing some happiness.
To feel my loneliness have some  company.
To hear some steps besides mine

I need a dog to remind me of kindness without maliciousness,
To ask me for food and remind me I´m hungry too
To take me for a walk on the beach.

I need a dog to wake me up when there no others around
To bark better reasons to take me out of bed
and show me that life is for living


And I promisse to love him, her, or it
till the end of my days


jeudi 20 octobre 2011

A pior coisa que se pode dizer a uma pessoa querida:
"Se eu te conhecesse hoje, com essa atitude, provavelmente não teria empatia, nem a menor vontade de cultivar você na minha vida."

Isso se torna pior, quando você pensa nisso ao se olhar no espelho. Dura dois segundos, logo passa.
Resta aquela insana verdade de que somos sós, nascemos e morremos sendo os únicos presentes e testemunhas de cada segundo que vivemos. O resto está só de passagem… sempre por um tempo menor que nosso.

dimanche 18 septembre 2011

da falta

tenho sentido falta de alguma surpresa nesse mundo


- Posted using BlogPress from my iPhone

lundi 22 août 2011

aposto* que não vem de aposta.

*Aposto, meu eu que afunda em agosto, sempre entre as vírgulas de julho e setembro.

agosto deve ser mesmo maldito.

reli-me em outro agosto e estava o mesmo desgosto.


me releio pra ver se me encontro.

como em todo momento ruim, me releio pra ver se me encontro.

"Quando estou plural, tenho maioria, por quê não?
Quando estou vazio, não há nem unidade."

nem sempre me completo, mas reencontro bons pedaços do que já fui.

dimanche 21 août 2011

sem gosto

a vida anda um pouco sem sentido pra mim.
o mundo, as coisas, relações, pessoas, significados...

nada me desperta vontades.
não encontro respostas (nem mesmo perguntas) em qualquer minuto q tenho usado.
por todo lado que olho não há cor ou voz que me chame afinada e sedutora.
rouquidão, desaturação e só.
o paladar pede um doce… não há. já acabou.
o coração pede um carinho. não há! faz tempo já!
o corpo pede movimento, mas o espaço castra, velho, engessado, alheio, feio.
a mão pede ação, criação, novidade… folheiam ávidas, os olhos não acompanham.
tremem frias, o coração aperta, os pés descansam, as pernas sofrem
e o cérebro?
esse se debate entre a vontade de não existir,
a responsabilidade de reconhecer e interagir com o que não está sob sua regência
e a representação patética e dramática de coitado da vez.

não vislumbro qualquer glamour nesse estado apático diante de um mundo, já sabido, tão lindo e surpreendente.(sim, há lampejos, esporádicos, é bem verdade, de lucidez porém...)
não há música que anime por mais de 3 min, não há sabor q inebrie por mais de 20 seg, não há água q sacie essa sede sabe-se lá de quê.

me abandonei em alto mar, num barquinha sem motor, cujos remos fiz questão de atirar longe.
aos poucos cavo um pequeno furo na madeira velha, mas somente nos minutos em que abro os olhos, pq
em todos os outros não me decido se me acho merda demais pra olhar pra fora ou bom demais pra dar o prazer do meu olhar ao nada acolhedor mundo lá fora.

uma ansiedade pela boa vida
pelo amor
pelas resoluções mais fáceis
pelo amanhã que nunca chega
torna difícil respirar sem medo
caminhar sem peso
sorrir sem remorso
e pensar sem esse filtro imundo

enclausurado em meus próprios pensamentos
enfaixado pelas expectativas mais idiotas
de um mundo que não corresponde, não liga
não pergunta como estou
não me participa de sua paisagem
seus sons
seus frutos
um mar de gente que não me enxerga
ou quando aparentam fazê-lo, não passam de uma superfície quase transparente
de um rapaz diferente ou indiferente, seco e frio que não me pertence.

não sei se chego aqui por motivos químicos, incontroláveis pela vontade.
ou se pelo metafísico mundo dos pensamentos solitários.
{enquanto isso caetano canta: nothing comes from nothing, nothing ever did.}

só entendo, enquanto escrevo, que as coisas perderam o sentido.
não sei viver sem esses sentidos.
então melhor nem viver.
melhor dormir, nunca pra sempre, mas até q isso tudo passe
e o mundo recupere cor, calor e movimento.

um tabuleiro de xadrez, sem o outro time de peças e o outro lado de idéias, não é nada senão um mar sem fim de insignificâncias e tédio.
um ponto sem vírgula é um céu finito, um grito mudo, camisa de força sem folga e corda pendurada com nó cego.
um banco sem pé, não é.
um risco sem superfície é uma banana com gosto de cimento branco.
um mundo sem cor tem um gosto amargo de um saco de aspirador de pó abarrotado.
sofoca como agua salgada entrando pelo nariz, boca, olhos e ouvidos de uma só vez provocando a mais desagradável das sensações.
apagando qualquer memória boa ou sopro de vida.

enquanto isso flutuo num tempo que parece surreal (so real at the same time.)
de tão podre e pobre.
talvez esse tempo seja só o reflexo dos meus sentidos e sentimentos.

ainda não sei do que sofro.
enquanto isso só resta o trabalho
desinteressante como todo o resto.

e mais uma vez abro os olhos
checo o limbo
e desmaio por mais muitas horas nos dias de agosto.

¬¬¬

perdi o tesão
e nesse momento não quero ajuda.
acho q não reconheceria qualquer movimento como ajuda
e seria capaz de insultar qualquer tipo de afeto que se aproximasse.

¬¬¬

acho que perdi o humor também.
me acho ridículo, mas não sei rir disso. não hoje.

dimanche 17 juillet 2011

7x24/30-1=?

um cigarro,
uma pizza,
uma cerveja,
pessoa.

uma luz,
um copo,
um reflexo,
corpo.

um setlist,
uma preguiça,
uma hora,
pirraça.

uma saudade,
um ciúme,
outro cigarro,
domingo.

jeudi 14 juillet 2011

algum 'doxo pra chamar de óbvio

quando estou de bom humor brado que a vida é simples.

em todos os outros momentos fico quieto ou matraquento.

(porque acho difícil rotular em poucas palavras esse tal vidro de surpresas, experiências e lembranças em que fomos trancados pra buscar a liberdade. ¬¬¬)

samedi 30 avril 2011

22/771 - o filtro

não descobri nada em qualquer outra parte por onde andei que, quando perto de mim, me fizesse tão bem ou tão mal.

--

decidi que não há muito mais o que fazer por mim só escrevendo textos e publicando censuras de mim mesmo.
tá na hora de partir pro profissional. de achar um analista, dos bons.
alguém indica?

lundi 18 avril 2011

Projeto #eusougay saiba mais e participe!

Post inaugural da Carol de Almeida, retirado do site - http://projetoeusougay.wordpress.com/



Sejamos Gays. Juntos.

abril 12, 2011

Adriele Camacho de Almeida, 16 anos, foi encontrada morta na pequena cidade de Itarumã, Goiás, no último dia 6. O fazendeiro Cláudio Roberto de Assis, 36 anos, e seus dois filhos, um de 17 e outro de 13 anos, estão detidos e são acusados do assassinato. Segundo o delegado, o crime é de homofobia. Adriele era namorada da filha do fazendeiro que nunca admitiu o relacionamento das duas. E ainda que essa suspeita não se prove verdade, é preciso dizer algo.

Eu conhecia Adriele Camacho de Almeida. E você conhecia também. Porque Adriele somos nós. Assim, com sua morte, morremos um pouco. A menina que aos 16 anos foi, segundo testemunhas, ameaçada de morte e assassinada por namorar uma outra menina, é aquela carta de amor que você teve vergonha de entregar, é o sorriso discreto que veio depois daquele olhar cruzado, é o telefonema que não queríamos desligar. É cada vez mais difícil acreditar, mas tudo indica que Adriele foi vítima de um crime de ódio porque, vulnerável como todos nós, estava amando.

Sem conseguir entender mais nada depois de uma semana de “Bolsonaros”, me perguntei o que era possível ser feito. O que, se Adriele e tantos outros já morreram? Sim, porque estamos falando de um país que acaba de registrar um aumento de mais de 30% em assassinatos de homossexuais, entre gays, lésbicas e travestis.

E me ocorreu que, nessa ideia de que também morremos um pouco quando os nossos se vão, todos, eu, você, pais, filhos e amigos podemos e devemos ser gays. Porque a afirmação de ser gay já deixou de ser uma questão de orientação sexual.

Ser gay é uma questão de posicionamento e atitude diante desse mundo tão miseravelmente cheio de raiva.

Ser gay é ter o seu direito negado. É ser interrompido. Quantos de nós não nos reconhecemos assim?

Quero então compartilhar essa ideia com todos.

Sejamos gays.

Independente de idade, sexo, cor, religião e, sobretudo, independente de orientação sexual, é hora de passar a seguinte mensagem pra fora da janela: #EUSOUGAY

Para que sejamos vistos e ouvidos é simples:

1) Basta que cada um de vocês, sozinhos ou acompanhados da família, namorado, namorada, marido, mulher, amigo, amiga, presidente, presidenta, tirem uma foto com um cartaz, folha, post-it, o que for mais conveniente, com a seguinte mensagem estampada: #EUSOUGAY

2) Enviar essa foto para o mail projetoeusougay@gmail.com

3) E só :-)

Todas essas imagens serão usadas em uma vídeo-montagem será divulgada pelo You Tube e, se tudo der certo, por festivais, fóruns, palestras, mesas-redondas e no monitor de várias pessoas que tomam a todos nós que amamos por seres invisíveis.

A edição desse vídeo será feita pelo Daniel Ribeiro, diretor de curtas que, além de lindos de morrer, são super premiados: Café com Leite e Eu Não Quero Voltar Sozinho.

Quanto à minha pessoa, me chamo Carol Almeida, sou jornalista e espero por um mundo melhor, sempre.

As fotos podem ser enviadas até o dia 1º de maio.

Como diria uma canção de ninar da banda Belle & Sebastian: ”Faça algo bonito enquanto você pode. Não adormeça.” Não vamos adormecer. Vamos acordar. Acordar Adriele.

— Convido a todos os blogueiros de plantão a dar um Ctrl C + Ctrl V neste texto e saírem replicando essa iniciativa —


Minhas contribuições.


samedi 16 avril 2011

palavras companheiras de um sonolento ser que jaz sozinho.

neste momento me sinto como qualquer outro sentiria, deitado na cama, defronte um computador, num quarto escuro, feito uma criança cujos pés balançam como que namorando tudo que não é chão.
e encontro na descrição esdrúxula dessa cena pitoresca, um pouco de companhia das palavras.
é como se uma tela em branco me permitisse fazer companhia a mim mesmo.
melhor que os espelhos, essas alvas planícies sem dono que refletem muito mais do que gostaríamos de ver.
são como espelhos impossíveis e sem fim, um corredor deles, de todas as formas e distorções que cabem num espaço desses.
isso tudo pq há um minuto atrás repetia pra mim mesmo que deveria escrever o seguinte no blog: eu costumava achar que o mundo era mágico e infinito, mas isso foi antes de eu me sentir só.
e eu completaria, agora, dizendo, então vislumbrei uma tela em branco, mirei fundo no meu crânio, e resolvi me despir em frases. e a experiência foi boa, ou está sendo, enquanto ainda dedilho cegamente e tropeçando por entre letras intrusas, palavras mal ditas por uma boca que só respira. muda.

se eu dissesse isso em companhia daqueles cujas ligações desejava ardentemente, não teria a mesma graça. ou não existiriam tais sinapses.
escrever esse texto é como preencher mil linhas numa folha apaixonada por esferográficas e grafites. é uma ânsia de não ver qq espaço só, como me sentia, ou vedados da possibilidade de acolher minhas palavras. ora se posso chama-las de minhas!
quantos não as disseram antes? são minhas as idéias, ou nem isso. palavras jamais tem proprietários.. são domínio público, como qualquer virtual privacidade do mundo de hoje e como essas que tais, serão jogadas ao vento, como as outras que já dedilhei!!

o sono m`invade, enquanto meus ombros cansam do barulho do ventilador e meus cotovelos invejam a posição descansada deles, os sustentados lá de cima.
sempre pesados, mesmo sobre o travesseiro dos mil anos.

um bocejo, nesse momento é só pretexto pra liberar um pouco de ar.
não é assim que fazemos qdo necessário é liberar peso pra seguir viagem?

e não foi por isso que soltei cá essas palavras?
pra que, do lado de fora, me fizessem companhia e aliviássem o peso pra viagem do sono profundo pelos mares de um lençol azul e uma colcha branca de bolinhas igualmente da cor dos céus!?

a lua já não ilumina mais a varanda. está baixa como as marés que me trouxeram.
baixa também está minha respiração que já implora o descanso diário que varia de dia pra dia, ou noite pra noite.

no mesmo quarto escuro, jaz uma alma antes sozinha, agora reconfortada pelas palavras expurgadas que sempre poderá ler, quando novamente sentir solidão.

até e durma bem, meu pequeno mundo não tão infinito quanto antes.

vendredi 8 avril 2011

#

tenho me sentido um pouco ultrajado ultimamente... não sei explicar como, mas posso tentar dizendo que desconfio usar (neste momento) óculos caleidoscópicos, daqueles que de uma informação montam uma rede infinita, um padrão de ataque do mundo e ousaria dizer que existe uma distorção olho de peixe bem no meio, denunciando ou agravando determinados pontos dessa rede que me afronta!

¬¬¬

assim, me armo com um colete de espinho à prova de qualquer aproximação mais 'atabalhoada' ou meticulosamente disfarçada...

jeudi 7 avril 2011

desabafos¬¬¬

-na verdade,
eu fazia coisas legais.
tô meio perdido...
acho que envelheci antes do tempo.
(..)
-nah!!! acho que é só uma fase ruim mesmo!
não quero amadurecer... e perder as boas ideias e o olhar inocente.
(..)
(...)
-hahhaha
verdade!
mas não tô me encontrando mto, sabe?
tenho me sentido eu, menos meus braços e pernas.
amputado, encurtado, pequeno..
(....)
acho q eu já passei por isso antes mas tenho memória curta.
minha memória é igual aqueles livros carregados pelas criancinhas de histórias em quadrinhos, presos num cinto,
qto mais eu ando, mais eu esqueço, vou deixando pra trás...

dimanche 3 avril 2011

notas pra gravar na pele

1. Nunca passe muito tempo longe dos bons filmes, bons livros e boas músicas.

eles emolduram nosso olhar pro mundo e pros outros, de maneira muito sensível e especial, tal qual faz a companhia das pessoas que amamos.

(como bons - entenda aqueles que te fazem sentir bem.)

2. Nunca feche qualquer porta para experiências novas. Após cada virar de uma nova esquina, todo o mundo que conhecemos se transforma.

(e caso não pareça se transformar... reveja os óculos que está usando. talvez esteja sendo duro demais com suas expectativas, ou insensível demais com seu entorno. não sei o que poderia funcionar como dimmer, mas entendo que nem sempre nossos sentidos estão favoráveis à intensidade do novo.)

lundi 21 mars 2011

sem título sobre a sua tela.

aviso aos desinteressados:- o texto é grande e ruim! pule pro próximo blog -


é difícil às vezes pensar na simplicidade de uma vida que teimamos em analisar de ângulos que não são nossos, nem nos cabem.
é surreal tentar entender o indecifrável de uma ignorância plácida que cisma em dizer muito sem ter nada a acrescentar.

complico abraços, amputo sorrisos naturais que se exaurem em contra sinapses loucas.
invento uma estação para desabrochar e em todo resto sou teso, liso e indiferente a mim mesmo.
com duplicações, supramovimentos e redundâncias espelhadas num caleidoscópio assimétrico.
onde deveria riscar um, dou voltas com a ponta molhada de uma esferográfica mole e desumana.
a preguiça, por mais incrível que pareça, me tira a medida e me põe num óbvio de desculpas, voltas e reviravoltas tão chatas quanto os atuais folhetins do horário esnobe da tv brasileira.

Me sinto invadido e me deixo invadir por sentimentos que não são meus, ansiedades fáceis que misturo com tequila, me enganando com uma leveza oportunista que triplica o peso e se aproveita do vento pra cair na minha cabeça.

Logo nEla, que encerra tudo. meu inexistente eu, como me sinto e me acho ser, e todos aqueles que penso saber que são e sentem como eu.
Ela me confunde, me rasga de fora-a-fora. Me incendeia de dúvidas, me afoga em maledicências, me entope de lixos nada extraordinários.

Não sabendo do que falar, estrago meus dedos num tango capenga por um teclado branco que passa longe de uma pista favorável ao ritmo.

Jogo qualquer palavra sem sentido numa frase de sentido certo, da esquerda pra direita.

Viro num parágrafo qualquer sem saber que rumo tomar. Me engano por segundos com um abraço lembrado e um carinho sentido lá, que pode ser hoje, ou agora. No momento em que lembro, sinto, de novo.
Faço um retorno em medos bestas, ignorâncias cultivadas em bacia de compostagem. Junto merda de baixo dos tapetes de uma cabeça não muito esperta, que eu jurava ter potencial, lá de longe.
Me senti especial um dia, poderoso, cheio de vento nos pés. Hoje os pés cansam de caminhar a mesma escada e subir a mesma rua.

Me atiro de peito fechado pra qualquer crítica, me tiro créditos como quem gasta uma vida pré paga que nunca existiu.
Sento desordenado, a postura mostra isso. Não queria, mas estou. Não sentia, ou não dava bola, mas acabei aqui.
Me arrastando pra lama de um corpo quente sob um céu nublado que não tardará a limpar e a me mostrar que novamente raia o dia.

Me olho. me olho de novo e sem nada novo pra reparar, cruxificar, me prendo na parede de pernas e braços fechados, pra mim, pro mundo, pro que poderia existir de um ser que falha na coragem e triunfa no medo geral, no medo da vergonha, no medo de tentar.
Ou pior, que julga qualquer cuspe como tentativa de povoar um oceano. Qualquer passo como estrada finda e falha. Uma piscada sem sentido como o ápice de um jogo lindo onde ninguém amaria como amei.

Mas espere um pouco, foi só um cuspe, não um jorrar ininterrupto, pouco afoito, bastante centrado e confiante de que um dia tudo se encheria de vida.
Foi só um passo, não uma corrida ou caminhada sob sol e chuva, com construções imensas e mãos suadas, sujas de sangue.
Foi apenas um sonho, minha piscada. Foi um amor de outono que aconteceu enquanto eu dormia em vida. Enquanto eu filmava cenas inventadas na minha cabeça. Foi um filme sem pé que não parou como um saco vazio, mas também não dançou aos rodopios do vento.
O tempo passa e fica difícil acompanhar meu ritmo interno e parir tudo que sinto que poderia, ou deveria colocar nesse mundo.

E quem sou eu pra colocar qualquer coisa que valha nessa terra de leis tortas e tábuas rasas?
tudo é tão cheio que chega a ser vazio. Tudo parece tão beira de rio que é impossível pescar um escamoso e escorregadio pensamento pra fritar no almoço.
E como poderia? Eu que temo um passo em falso. Eu que temo dedos na cara e falhas estampadas pra todos verem?
Logo eu, que de perto, nem de longe sou perfeito. Achava que os erros eram normais, e ainda penso um pouco nisso, mas não sei com que forças entulho eles na cômoda mais próxima.

Até dou a cara a tapa, mas de leve, nunca me jogaria pra porrada deslavada.

A sinceridade parece ferir, mas somente aos ignorantes sem capacidade de julgar que há um mundo por trás de cada rosto, que só parece com o seu. As diferenças são muitas e têm peso 2.
A surpresa da esquina é boa, a espera da esquina me consome.
Quando a coisa não ata nem desata, me perco numa sinfonia sem partitura, sem marcação de tempo, sem graça e cambaleante como um bêbado tonto que perdeu a metade do fígado numa mesa de jogo.

Me faltam caminhos lógicos, mas me faltam mais os ilógicos, subjetivos, emocionantes, aqueles do amor, da cumplicidade e do aconchego num mundo alheio deitado a poucos milímetros do meu.

Não sei fazer de outra maneira, e posso aprender, mas a preguiça não deixa.

A inatividade é tanta que me irrito facilmente comigo. Me esfrego um atestado de inválido por todo o corpo.
Me torno eu menos a melhor parte de mim, nesses momentos em que o nem o vento me desperta.

Sinto demais, faço menos do que poderia, me permito pouco mais de uns libertadores goles (que fazem do meu andar, torto e dos meus reflexos, lentos).
Serei o único a beber pra me sentir menos capaz e por fim culpar a bebida pelo falho ato de permanecer no mesmo lugar?


Em abril te amo, em junho me amo, em outubro amo a todos, em novembro te odeio e nos outros meses odeio tudo que sorria, lata e faça carinho em peles alheias.

Soa estranho ser assim, mesmo só, onde todo tipo de libertação é permitida. Mas é como me sinto.
Surrealmente dificultando minha própria estadia nesse mundo.

Sem mais, enquanto sigo andando em círculos.

jeudi 17 mars 2011

rilke

Reabri um livro, todo colorido em manchas e linhas, em ceras e marcadores fluorescentes e reli com o prazer do novo de novo.


"Pense, meu caro, no mundo que o senhor leva dentro de si, então dê a esse pensamento o nome que quiser; pode ser lembrança da própria infância ou anseio do próprio futuro(...)"

"(...) no fundo, e justamente quanto aos assuntos mais profundos e mais importantes, estamos indizivelmente sozinhos, de modo que muita coisa precisa acontecer para que um de nós seja capaz de aconselhar ou mesmo ajudar o outro, (...), toda uma constelação de acontecimentos tem de se alinhar para que isso dê certo alguma vez."

Do livro de Rainer Maria Rilke Cartas a um jovem poeta, L&PM Pocket
págs 56 e 29, respectivamente.

lundi 21 février 2011

insone!

tenho dormido
meio em qualquer canto,
meio de qualquer jeito,
meio sem qualquer medo.

lundi 24 janvier 2011

rapidinhas II de hoje e de ontem...

cada segundo aqui, é um segundo a menos em qualquer outra parte do mundo. - (24.01.2011 ~ 23:05h)

--

meu coração é todo seu, pra sempre, como é para poucos. e você sabe! - (24.01.2011 ~ 22:59h)

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do passado... em 3 de abril de 2007 - aqui escrevia...

rapidinha demorada!

Ousarias tu me amares enquanto passeio
com minha língua por teu tornozelo?

mardi 4 janvier 2011

só e lá

é curioso quando percebo, enquanto lavo louça, o quanto de verdade mundana pode caber no combo tempo/amigos/abraços/sorrisos.

quando só, percebo que a solidão é minha propriedade mais dura e farta.
quando acompanhado, do outro lado do quintal, às vezes a contemplo.
quando do lado de cá, também pra lá olho com ares desejosos que desmontam o equilíbrio da balança imaginária que por um segundo suspendo a um palmo do nariz, por imaginar quanta besteira existe nessas duas cenas, ou calçadas da mesma rua.

estar só é bom demais e nos faz esquecer o quanto a companhia alheia pode ser prazerosa.
Mas estar com queridos exemplares de espécie igual, ainda que com tantas diferenças, compartilhando um espaço de tempo que único, vejo multiplicar-se como mágica (como quando vi um leque abrir pela primeira vez em mãos de outrem) pelo número de bocas que sorriem, olhos que contemplam, braços que, cúmplices dos ombros alheios, discursam, firmes e solenes, o carinho na ponta dos dedos e vozes que complementam essa ópera orgânica e divina tão pouco perceptível encerrada em seu momento, é de renovar qualquer energia.

-- LAPSO do texto--

Há de se admirar mais os homens do que os deuses. Pelo bem de qualquer construção de parâmetros.
Penso que com tudo que há pra se sentir com os 5 órgãos de contato com o externo, com tudo que já se sentiu, registrou e se espalhou, seja por comunicações dialéticas ou genéticas, não há como não atentar para a responsa do homem frente aos valores atribuídos ou não a essa totalidade pela qual chamamos mundo, ou natureza. Até me parece alucinação esquecer que dessa mesma espécie nasceu o endeusamento extraterreno que responde àquilo que julgamos demais aos parcos mortais.
se a natureza é misteriosa em sua origem e infinita em sua beleza, tão infinito é o cérebro humano (componente não mais importante e não menos natural desse todo) que recalcado, ou não, se põe (como se fosse possível) de fora, para atribuir-se poderes de juíz de tribunal ou de pia batismal, insaciável, afoito e irascível, "extraindo" e atirando signos e significados pra qualquer e todo canto que ele próprio ousou angular, matematizar, poetizar, representar e mencionar em extensos testamentos publicados aos litros, obesos de verdades, incoerências e vontades.

-- Fim do LAPSO --


Tão verdadeiro me parece drummond agora. "Viajar é um prazer que nem sempre se saboreia em viagem" e poderia eu variar para viver é um prazer que nem sempre se percebe enquanto vivo. (sem colocar aqui contrapontos com a morte, mas pontos temporais somente. enquanto viver como algo que se pudesse fazer com pausa e vivo seríamos somente enquanto fora dessas pausas, ou em vida.)

se antes só do que mal acompanhado… antes bem acompanhado que um só sem sensibilidade para tal.


- se esse texto lhe parecer muito ruim, me puxe uma orelha, pq desconfio que o escrevi ainda cego e embevecido de vida.