mardi 13 novembre 2007

sempre vou preferir o meu agora!

a afirmação saiu da minha cabeça para, dois milésimos de segundo depois, me amedrontar entre memórias empoeiradas de tempos medonhos, sobreviventes em papéis amarelados e timbrados no verso, como papéis de parede que escondem um tesouro do passado. Um tesouro brega, porém tesouro. Quanto de mim lembro de verdade e quanto completei com fragmentos de registros ínfimos e impressos de tempo? Quanto das lembranças assimiladas pelos adultos e repetidas a cada natal, cada aniversário, cada páscoa, da minha feliz infância, eu adotei por osmose, ou apego por uma boa narrativa?
Quando se é criança e se ouve sobre uma infância que não volta e que não lembramos ter vivido, nos resta apenas refilmar as cenas do jeito como nos juram ter acontecido?
Mas isso é ter sua vida dirigida por segundos! Ainda que nos segundos aconteçam as ações, sempre que tomo consciência dos estragos, ou contribuições, das versões alheias de um movimento meu, penso em viver com rec apertado, comemorando (tornando memorável) cada frame passado, cada sequência vivida, cada iluminação perfeita, indireta, cegante, cada enquadramento abrangente, exclusivo, repetido, parcionado, cada cenário cheiroso, fedido, bonito, harmonioso, caótico, cada trilha bailante, lentinha, embalante, arranhada, preferida, misturada, mixada, repetida e dançada.
É!! O agora sempre vai ser preferência! Mesmo os acúmulos resgatados de um baú são incorporados num agora, certo? Me parece absurda a idéia de disperdício de tempo com lembranças.
Ora se não são momentos novos!?
Cada relembrança de velhos tempos é resgatada sob nova ótica, novo contexto (ou velho mesmo) e registrada no agora que amanhã já será lembrança.

3 commentaires:

  1. hahahaha!
    adorei o post, dear!

    ;D

    Távio!

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  2. "A memória que o Bardo canta não é um amontoado de dados do passado. A memória que o Bardo vê e, por isso, canta, é Presente, Passado e Futuro. O Bardo, ao contar memória, traz à presença as três dimensões temporais que não estão, aqui, tricotomicamente distanciadas em algo morto e estático – o passado –, o momento que se vive agora – presente – e o que está por vir –futuro."
    http://inter-pretari.blogspot.com/2007/10/um-mergulho-na-experincia-da-cano.html

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  3. "A memória se dá, no poema, no movimento de trazer à presença do Presente e à vida o já conhecido e o a conhecer; por si só, constituindo experiência."

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