lundi 22 janvier 2007

sem título; óleo s/tela

já sentiu-se incapaz de assumir um sentimento?
incapaz de demostrar ódio?
incapaz de sorrir?
incapaz de dizer, quero você por toda a vida?

O ser humano desconhece suas capacidades infinitas, até que um grande obstáculo lhe é imposto. Na hora do aperto, a criatividade e as soluções desabrocham como flores tão óbvias na primavera. E sem esse aperto, sem essa necessidade, ou sem um certo medo da inexistência do próximo segundo, nós abrimos as portas para as rédeas, e nos permitimos a incapacidade. Assim como no organismo existem ativadores e inibidores, em nossas inconciências, existem as seguranças e ousadias (com pitadas de coragem) e também existem as inseguranças, incertezas e incapacidades.

A que ponto tudo isso leva?
Bom, tudo depende do seu momento, do seu dia de hoje, de como se sente, de como se relaciona com o externo hoje!
Agora, neste exato minuto, um toque de telefone pode te deixar feliz e excitado com a possibilidade de ouvir a voz que tanto deseja, mas em poucos minutos, pode desejar mortalmente que o telefone não exista, e se por ventura ele tocar, poderá ser capaz de atirá-lo na parede antes que a secretária eletrônica possa entrar em ação!

Essas pré disposições à simpatia e a impaciência podem resultar também das ações químicas do nosso organismo. O que você comeu hoje? Está sentindo frio ou calor? Está usando roupas que incomodam, ou está confortável? Está com sede? Bebeu muita água e está pesado? Comeu pimenta? Tomou café? Milhões de fatores quase insignificantes podem se unir em toda sua capacidade de irritação e nos posicionar com atitudes insuportáveis.

Falo por falar mesmo, chove muito e aqui dentro permanece o calor mortal de um verão ensolarado que quase não existe! Será a alvenaria? A localização da casa? Não sei, mas aqui é frio com sol a pino e insuportavelmente quente com a escuridão banhando as arestas deste quase cubo em que habitamos.

Essa caixa reage às ações externas, conservando um interno que no serve de externo que influi num interno que pode variar do irritadiço ao prazeroso em segundos.

enquanto isso tento distrair-me com palavras e apenas concluo que não sofro de falta de amor, mas da incapacidade de assumi-lo!

sejam os anos, as estações ou o volume de terra que me sufoca, seja o que for parece difícil reconhecer a verdadeira face de um sentimento que tenho receio de desenterrar e descobrir o que realmente é e como ele se comportaria em público.

Enquanto isso vivo e sofro e sorrio para disfarçar o vazio do dia, ou fico quieto para acompanhar o cheio da noite e memorizar as sensações que como num papel de fax, insistem em durar pouco na louca caixola desse corpo que está longe de ser o que deseja a mídia e a minha porção vendida ao apreço por tudo que seduz os olhos e ecoa na retina escoando até aquilo a que chamamos cérebro.

Durma bem, que amanhã o frio volta enquanto as janelas enquadram os raios de sol!

1 commentaire:

  1. que palavras bem ajuntadas!
    às vezes eu nem imagino que é você que escreve isso tudo. às vezes sim. :)

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