eme e ene
Podem ser duas medidas tipográficas pros entendidos de design gráfico, mas hoje e aqui neste texto essas duas letras vizinhas diferem duas palavras que me assombram.
mimado e minado.
Eis o que estou ou como me sinto.
O que há abaixo da linha de perigo?
Para um dublê ou acrobata circense, alguma rede ou material de proteção, que garantem a ou alguma integridade física após o risco.
Para mim, há o suporte dos meus pais, família e amigos.
Normal, certo?
Sim, não há questionamentos sobre a falta de normalidade na atitude alheia por aqui.
Mas confesso que há anomalias no meu comportamento ante o risco.
Começo confessando que sabendo do conforto que me espera após um precipício, tudo se torna alto e arriscado o suficiente para justificar um pulo. Traduzindo em miúdos, uma pequena dificuldade como, saltar uma poça de água, torna-se colossal como, atravessar um oceano.
Não sei de onde surgiu esse comportamento, mas desconfio que me condicionei a ele, após ter algumas pequenezas afagadas e resolvidas pelos outros em momentos de formação e infância.
Ou seja, constata-se que o mimo é busca constante no meu google da vida. Porém, frente ao que vem acontecendo e que foi expelido no último post, troquei o m pelo n.
E o mimado, tornou-se miNado. Ou, vítima de suas próprias artimanhas.
Sim, eis como me encontro, ou penso que me encontro, afinal de contas tudo que vivo é o que penso que vivo pq penso que é o que penso ser. Nodoso? Pois é assim que me amputo certezas.
Dentro de mim correm sinapses incontroláveis que fogem ao meu entendimento.
Elas, assim personificadas, me fazem pensar demais e deliberar de menos.
Seja marginal, seja herói, seja criativo, seja maluco, seja criterioso, seja você e seja tudo no meio do tudoémuito,caralho,éummuitopracacetemesmo,eéaomesmotempoagora.
Seja curioso, mas fuja do campo minado que é o que você delibera sobre pensar ser o que se acha ser. Como?
Ainda não sei, mas a proposta é descobrir um meio de reduzir as minas e aumentar as vontades de viver.
As minas são os medos que levam à descrença na qualificação enquanto ser humano para realizar determinado ato. Se isso existe? Claro que sim.
O medo de não dar tempo, é o que mais me aflige e o que me faz pular almoços, jantar fatias de queijo e me desligar do mundo só por um segundo*(aham...) navegando pelo reader ou dormindo mais 5 (cof cof, horas?) minutinhos, que eu jurooooo, nunca saem mais baratos que 1 hora.
O medo do dia não ser proveitoso, a mina do não conseguirei, me faz não querer nem tentar e se mexeu no meu querer, é pq essa mina já foi pisada há mto tempo.
Amputar a vontade por antecipação de resultado é super estimar a expectativa encarando-a como final imutável do roteiro.
É como olhar prum céu claro e parcialmente ensolarado, prever chuva pro fim do dia e decidir não sair de casa por conta dessa futura tempestade que ainda nem se anunciou.
Ouvi outro dia, qualquer dia, que QUEM QUER FAZ E QUEM NÃO QUER INVENTA DESCULPAS!
Preguei isso em papel amarelo com uma letra ridícula numa parede do banheiro, ao lado da pia e do espelho e de frente pro box e pro espelho do box.
E confesso que isso me rendeu um efeito colateral que não imaginava...
Comecei encarando isso todo banho e me revigorando mas, agora, evito banhos e idas ao banheiro e antes mesmo de avaliar o fazer, o medo me vem com o não querer atachado em cima daquilo QUE EU TERIA MÓ PRAZER DE FAZER!
Dá pra sacar a besteira?
Pois é, eu tô sacando melhor agora, que tá escrita no monitor a minha frente!
Evitar banho? Tá louco? Nãoooo, fiquei mesmo maluco com essa constatação que é verdade.
Tenho me banhado somente com um propósito, ou melhor, dois. O primeiro é sair de casa. Quando saio, antes me banho. E o segundo é erradicar inhaca. Se passo dias sem sair, pq tecnicamente não tenho rotina e meu trabalho é em casa (cercado de milhões de desculpas para suas falhas), quando me enfurno acumulo por uns dois, não mais que isso, dias a falta de um bom banho.
Cheguei ao ponto da mina que eu não pretendia chegar.
Expus aos meus olhos e ao meu entendimento, coisas que eu tava me desculpando pra não ver.
Pequenas para a humanidade, mas enormes pra mim.
Acho que por hoje chega de mimos e minas. Parece que já escrevi problemas traduzidos em soluções, né? Engraçado como o pensamento antes de ser escrito não vem com bula.
Sintetizar num texto, ou verbalizar prum terapeuta, aflições e problemas podem revelar soluções embutidas no cerne da coisa. É como aqueles cds de instalação que possuem cracks e keygens escondidos entre os arquivos. A diferença é que o terapeuta pode conduzir as soluções e os problemas como quem, dominando a técnica, despenteia uma rede embolada de pesca e esses textos no blog só me mostram onde estão os nós da rede. Agora me falta paciência, mais reflexão e ação para despenteá-los.
Hasta la prox visita!
Espero que com menos minas.
mas, binho, a gente está sempre sobre o abismo, ele nunca sai de baixo de nós. rede de proteção não garante nada. a vida é corda bamba, tem que ser o acrobata diabólico e dar o salto mortal por sobre a mediocridade.
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