magote
ando precisado de coletividade.
duplas me animam. e como! se presenciais, melhor ainda.
mas mesmo assim me faltam vozes aos ouvidos e objetivos compartilhados.
não exercitar esse espírito coletivo mata pouco a pouco a vontade de se dedicar a solidão.
estar só é o gozo dos ocupados sempre acompanhados e a tortura dos unitários inertes.
um barquinho de papel dobrado nas mãos do seu autor é a hipérbole do encerrado em si enquanto um barquinho de papel lançado à corrente de qualquer água de torneira, valsando aos braços do vento deixa de ser final e passa a ser processo.
e é desse processo que sofro a falta.
me cansa os múltiplos envolvimentos parcos e ralos que me arremessam de volta à unidade orquestrada pelo cérebro que compõe ao teclado e mouse a melodia de um dia cheio de paredes e sem faces.
como diz o slogan da t-mobile que ecoa em vídeos internet afora com suas campanhas flash-mobs: Life`s for sharing. E isso brilha claro às minhas retinas também no filme Albergue español que reassisti hj.
quero compartilhar idéias, projetos e vontades, sim! faço isso já.
mas quero compartilhar presença junto.
sou um brasileiro bi-combustível como a tal primeira moto. comida e companhia me movem, me põe em movimento... e não sei onde tenho falhado na aquisição do segundo.
visitas de travesseiro, daquelas em que nos jogamos junto ao papo nas camas arrumadinhas dos amigos de longa data num momento de espera pré-noitada, ou volta do cinema, ou tarde entediante com brigadeiro e revisita de conceitos tem deixado uma lacuna enorme nas memórias q eu gostaria de estar registrando. é paradoxal voltar a viver no local onde cresci tendo tão pouco contato com os amigos de infância. estando tão longe dos amigos mais caros e me sentindo tão desconfortável com a amizade que mais amei. as águas passam e deixam vestígios e isso me incomoda, não sei se pelo valor do que passou ou pela dor da diluição dos vestígios.
me bate um ciúme efervescente ao ver que virei vestígio e perdi intimidade e a participação na vida dele. e tomo por ele os que nunca pensei que virariam coadjuvantes dos meus meses, pq nem ouso dizer dias.
me sinto como um ator de seriado de sucesso que após 15 temporadas perde a importância e vai sendo coadjuvado aos poucos até virar elenco de apoio. aliás, já vivo momentos em que me sinto apoio. apoio da revisita a uma vida que o roteiro destaca em alguns esporádicos episódios.
a coletividade desse passado que me traz essa reflexão e dúvida: em que momento me tornei fugitivo da vida coletiva? será que fujo ou perdi a noção de como lidar com isso? quando desaprendi a regar os contatos? a manter em dia os pontos dessa rede tricotada que é a vida?
por onde andam as pessoas que se importam mais com os amigos e menos consigo mesmas? por onde anda esse meu eu que age da mesma forma.
sinto falta de um telefone fixo em casa, pra estreitar alguns laços.
há um resgate a ser feito... até breve!
{please cut this out!}
é. isso tudo aí. acertou.
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