mercredi 3 juin 2009

em que direção?



em que direção vão todos que respondem um simples, tudo bem? com um pronto, tô indo, tudo indo, ou vamos indo, né? Não sei qual deles é o mais encerra papo.

Pois hoje resolvi responder uma expressão dessas com uma análise rápida baseada na vontade que sinto de abusá-las.

Disse assim: "engraçado como o tudo indo impõe uma sensação de desconforto e ansiedade por melhoras."

Afirmei sem procurar condescendência do outro, e mudei logo pro trivial, (que frio da porra, né?), afim de não afundar a conversa logo de cara. Que à propósito, era virtual como a maioria dos diálogos atuais.

Ousei transcrever essa petite análise em razão do assombro que suas entrelinhas tem me causado. Venho sofrendo de ansiedade e desconforto, provenientes de uma longa espera por melhoras.
Não que a coisa esteja ruim num todo, mas uma parte tem estado preta. E quem dera que esse preto adjetivado estivesse relacionado à grana no bom sentido. Como em...queria uma grana preta, mas é a situação de grana que tá preta. O mesmo adjetivando prum sujeito diferente.

A falta de grana pode ter suas mil causas ou faltas de atitudes, mas falo de caso em que se trabalha. (por nada e por um nada de tempo determinado porém não divulgado.)
Falo de quando a burocracia lhe rouba os meses,
o tempo,
as possibilidades, e
quase a visibilidade de um amanhã qualquer.

Trata-se de poder ou não poder. tudo depende do lado que se olha, ou se vive.

Posso cumprir obrigações, mas me tolhem o querer que viriam com elas.
Cumpro e quero por isso, mas não posso e, putz, que merda que é!

Uma burocracia que te rouba na cara dura, te ata às mãos, os pés e ainda lhe tira os centavos do bolso.

A buracracia é um mal que não se encerra em si mesmo. É um mal que requer investimento de suas vítimas, o que é pior.
Os burocrátas te torturam e recebem pra isso, e você, um burocralizado impotente ante aos caminhos labirintizados que se impõe à sua frente, não vê a saída e ainda paga a entrada e as viradas de cada esquina. Viver em sociedade custa caro. Vc acorda e já gastou 20r$. Pisca e lá se vão outros dinheiros escorrendo pelo vaso, descendo pela descarga, entrando no seu estômago ou sendo arremessados por você na lata de lixo + próxima.

Esse labirinto é geométrico porque não é natural e, assim como a burocracia, é criação dos destruidores e catalogadores do orgânico. As relações humanas, suas necessidades e convergências partem de pedaços organicistas para perderem-se num todo geometrizado, "racional".

Se a razão fosse retilínea, nossas sinapses seriam linhas retas quebradas em ângulos meticulosos e seus cruzamentos obedeceriam à lógica de um compasso chato e previsível.
MAS NÃO SOMOS ASSIM!
PORÉM....
CORREMOS, ou ESCORREMOS EM ESTEIRAS GEOMÉTRICAS!

Nada gira, pq girar é orgânico, tudo segue um curso reto, um cálculo e uma exatidão castradora.
E ainda assim há quem se plante nesse vale dos milimetrados.

Engraçado partir de um Tudo bem, pruma imagem regrada de como nosso mundo tem sido visto por mim.

Quando começei a escrever esse texto, pensei que iria linearmente do desconforto financeiro para crise e depois seguiria em linha reta pra personificação dos imensuráveis.
Mas me perdi pelo caminho, ou me achei nas tortuosidades que o assunto proporcionava.
Poderia dar outra volta comparando o que escrevi com minha recente prática do design com grid. Logo eu, que sempre confiei nas proporções orgânicas e intuitivas das coisas. Pois é, mas isso é um paradoxo pra outra análise.

Essa seguiu um curso surpresa que me levou agora a pensar nos gastos da vida e em como as lógicas dos videogames nos adestram pra habitar a sociedade em que nascemos.

O paralelo é, tal qual no video game, quanto mais se age, mais se perde. Os personagens correm atrás de moedas, fogem de perigos, lutam contra inimigos e com isso perdem suas conquistas, perdem fôlego, "vida", moedas, e outros objetos angariados pelo caminho. Ou seja, ao existir, perde-se continuamente e pouco a pouco o que se tem, mas é preciso agir para repôr a perda.
Somos baterias em constante descarregamento, necessitamos de recargas pra continuar.
Isso eu já sabia, só nunca tinha percebido que o videogame tinha participado dessa educação viciosa.
Mas em contrapartida os mesmos jogos adestravam ao vício frustrante da rapidez de consumo dos estoques e da inexistência de vida, ou ação após o fim deles. Você correu, gastou, não recebeu e GAME OVER! Essa é a matemática da falha.
Alguns desavisados podem correr em defesa dos games dizendo que a tela preta do FIM induzia ao recomeço. Até aqui não discordo, mas analise os próximos dois minutos dessa retomada. Mesmo caminho, mesmo personagem, mesmas ações e mesmo fim. E lá vamos nós de novo...
Repetir o calculado pra ser difícil, o calculado pra dar errado, o calculado pra ser repetitivo, o arquitetado pra te diminuir e inserir nas massas da limitação.
Os poucos que conseguem discarrilar desse mal, caem na tentação de desvendar e desbancar a máquina e o programador, buscam dribles e falhas no sistema pra alcançar a superioridade... e tornam-se... programadores, com sede de dominação dos inalterados e limitados jogadores.
Tudo isso seria romântico e bonito se na vida real o recomeço fosse fácil como a seleção via joystick de uma opção piscante num fundo colorido com sinais sonoros torturosamente compassados e em infinito loop.

Num corpo que responde à sinapses orgânicas e embaralhadas o recomeço deve ser uma autoproposta baseada em interesse, curiosidade e fascínio.

O todo que desconhecemos, é composto por loucuras mto além do escalonàvel e arquitetável... proponha-se a descobrir algumas dessas partes. Sinta-se interagindo com elas.
Há mais além de uma esquina em 90º, há mais por trás de uma planta baixa, de uma régua T e de uma burocracia mal planejada.
Se eu desacreditar disso, não vale a pena ser alguém. Aí só vale a pena ser máquina ou desafiá-la tornando-me um designador de mesmices.

E tudo que venho buscando é a surpresa e o inesperado.

um nó em mim se afrouxou agora. Pena que tenha rendido uma leitura tão nodosa pra vocês. Mas joguei pra longe a linearidade e passeei pelo tortuoso, ou incompleto e sempre rodopiante caminho dos ventos.
até a próxima.

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