dimanche 29 juillet 2007

para.desfrutar

arte.de.luiz.sôlha.

"Maria Callas, John Malcovitch e Sigourny Weaver"
1995 - óleo sobre tela - 210 x 350 cm

" eu gosto de brincar de deus como a mídia brinca. Ela elege, ela enfoca, ela recorta e ela diz que aquilo é a realidade, mas não é bem assim. Tem a visão do editor, tem a visão do redator, do repórter, do fotógrafo, do cinegrafista... Tudo isso são filtros de realidade. Até chegar na minha pintura, imagina o que trafegou isso tudo? Eu faço o final dessa coisa, eu sou o espectador, que recebe e digere essa mensagem. Só que eu não sou um espectador comum, eu transmuto em obra, aspas, de arte, o que eu sinto e toda essa revolução imagética, textual, que chove na cabeça da gente o tempo inteiro. "
{trecho.da.entrevista.concedida.ao.mix.brasil}

http://www.luizsolha.com.br/

samedi 28 juillet 2007


]para.ouvir:sondre.lerche-I.wanna.call.it.love[

vendredi 27 juillet 2007

percepção aguçada



viver é diferente de estar vivo, preocupar-se em
'estar vivo', sustentar um status de vivacidade
demanda uma incessante procura de vida pelos
cantos dos segundos, momentos, desencontros e
dias percorridos aos passos largos para que não
se desperdice o tempo da procura e da ostentação
da escassez supervalorizada de vida encontrada

viver é aceitar acima de tudo que nunca nada
será como foi antes, que há unicidade em cada
molécula, ação e centelha de energia viva.


preciso confessar, ainda em vida, que me desocupo
do estar vivo para viver. e às vezes me afasto do
viver para me desocupar com procuras e reflexos
de vida em minha existência. confesso que vivo
cada sorriso, cada dor, cada tédio e que procuro
reagir sinceramente ao que me acontece, em vez de
repudiar momentos que não se encaixam na
ostentação vivaz de ser e estar presente e
pulsante. Relutar aos desatinos, reservar
exclusividade às paredes de casa para os delírios
de momentos desconfortantes e descontentes, ainda
que seja uma entrega à ostentação, pela reclusão,
não deixa de ser vida. passar horas olhando para
um teto cinza e sem sentido, viajando em certezas
masoquistas ou sádicas, ainda que soe como
lhufas, é e sempre será a ocupação de segundos
únicos, o preenchimento de um espaço de tempo
único que nunca se repetirá, com uma estática
única e pensamentos únicos. como quando, já
acomodados na cama quentinha, precisamos nos
mover um pouco para apagar a luz e tudo que
desejamos é voltar ao mesmo lugar quentinho, o
que nunca acontece e nunca acontecerá. viver é
gozar de uma exclusividade excessiva de segundos.
igualdade é um termo matemático que apropriamos
para designar a sensação de aproximadas
semelhanças, e mesmice é empregado a tudo cuja
variação nos pareça imperceptível. imperceber a
tênue alteração das unicidades em constante
avanço é o mesmo que ignorar a vida e tomar por
conhecido àquilo que por tão pequeno, relutamos
em conhecer como novo. repetir não é fazer igual,
mas parecido. automatizar pelo excesso de
semelhança, nossas vivências, experiências e
reações, seria como sentir sempre o mesmo beijo,
molhar-se sempre à mesma chuva, adotar uma
constância de ritmo aos passos da caminhada. a
particularidade é o elo seguinte à variedade e
anterior à inconstância na corrente da vida.
assim como qualquer reta, em meio a toda
organicidade e pluralidade do nosso meio, é
apenas um segmento de curva imperceptível e
consolidado como constante e exato pela afirmação
humana. atribuímos a palavra acaso, às surpresas
ou à recuperação da percepção aguçada das tênues
variações e inconstâncias da vida.