vendredi 18 août 2017

temofomo ou tamofu

temo que o pior da vida seja a obrigação de vivê-la todo dia. ou seria o melhor?
mas e o como se fosse o último dia?
isso é coisa que pesa.

leveza pra mim é pensar que em qualquer dia, seja o último ou não, cabe preguiça, cabe devaneio, cabe acaso ou aventura, amor ou suor de tesão, pé frio e banho quente, louça suja - pq não? - e aquela bagunça que ignoro por litros de tempo.

cabe a penteadeira, cabe música chata, cabe música que alegra os músculos e faz as articulações lembrarem o que é vida, mas bem perto disso tudo cabe aquela urgência que sufoca.

acabei de ler e aprender que temo o fomo, além de temer que o temer continue por mais tempo a destruir o país - e veja bem, a maior destruição, que pouca gente dá bola, não é o que ele faz, mas o que ele permite que outros se sintam no poder e no direito de fazer, é o mal exemplo passando por normalidade aceitável, normatividade. FUCK.
toca antony and the johnsons. há 450milênios não ouço essa voz tão acariciadora de medos e dores e bam! o shuffle do spotify da lista recém criada a partir da rádio automática da música Feeling Good traz esse rapaz de volta à memória. Engraçado que venho pensando em fazer uma lista de artistas musicais e bandas que minha memória alcançar - isso mesmo, sem consultas - e tenho quase certeza q não lembraria do antony. =/ triste, né? fiquei!


E o fomo?




Fear of missing out, é esse óleo de motor velho e queimado que faz a vida ter um desempenho pior do que poderia. é o se importar demais com a consciência de que existem 7 bilhões no mundo, uma coisa meio amélie poulain que se diverte contando orgasmos ouvidos pela noite da cidade luz, só que mais doente, mais dormente.

é o medo da mediocridade. medo de que amanhã tenha um show dos novos baianos (e vc ainda não conseguiu ver nenhum) e vc não tenha dinheiro pra ir. E amanhã - que é hoje, pq já virou a zero hora do relógio - tem mesmo e o dinheiro falta de verdade e isso dói, mas não como o FOMO.

O fomo seria melhor ilustrado se o show fosse nesse exato momento e eu tivesse a certeza (incerta, pq seria só uma alucinação da minha cabeça) de que todos os meus amigos mais queridos, conhecidos de bar, boas prosas e os mais gatos e alternativos, politizados, e possíveis futuros maridos e solteiros estariam se divertindo pra caralho, agora mesmo nesse show.

é o medo besta de que a sua vida ordinária está sendo desperdiçada com esse texto enquanto se descobrem coisas incríveis!! Sei lá, tipo curas pra idiotia humana, pro câncer, pra aids e a erradicação completa dos pensamentos nazistas e fascistas, tudo ao mesmo tempo agora e você não é parte de nenhuma dessas grandes mudanças.

é estar preso numa noite nublada em dia de eclipse lunar, ou de blue moon ou daquela lua cheia vermelha maravilhosa.
certo! tudo existe de forma muito mais bonita na nossa imaginação. E não presenciar, portanto, essa hipérbole da realidade idealizada, é dado como crime gravíssimo e tem como castigo a mais profunda e imensa sensação de insignificância e falta de sentido em continuar vivendo.

como disse no início

temo que o pior da vida seja a obrigação de vivê-la todo dia como se fosse o último dia ou como se precisasse ser o melhor.

a ficção alimenta os ideais e contraideais de vida, mas as redes sociais, alimentadas por nós, potencializam a farsa. e vice-versa ou vice-verso, que no caso parece o melhor a se fazer.
a leveza exige um power off, um fail to connect, um reboot de atenções.

um monotasking tal qual um lavar de louças. um talher por vez para não quebrar os pratos que giram em nossos ombros e cabeças, amparados por varetas que desconhecem verdades.

para tudo. olha pro teu sul. ⬇

e tenha certeza que ele está em solo seguro. ainda que parado numa pedra que roda pelo espaço enquanto dança faceira com uma pedrinha satélite.






aproveito e recomendo essa série, essa música.

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