A crise dos 25.
estou em crise. e quem não está?
uma vez escrevi num dos meus extintos blogs um acróstico para crise.
Colapso
Ridículo
Indispensável a
Sobrevivência da
Espécie
eu sou um exemplar da espécie.
Um exemplar que mais uma vez atravessa um colapso ridículo cuja causa é tão clara e fácil quanto a raiz quadrada da terça parte do salário do presidente somado às suas outras fontes de renda, multiplicado pelos mensalões de que não temos conhecimento e diminuído das intervenções cirúrgicas que dona Marisa chega a pagar por um mês.
Deu pra sacar a transparência da coisa, não?!
Tentarei de outro jeito.
Sabe quando viajamos horas dentro de um carro apertado, pr`aquela casa de praia fedendo a mofo, e no meio do caminho sentimos um desconforto e mal-estar que, certamente resulta de um enjôo estomacal que findará num quadro de pollock à beira da estrada donde as cores resultam dos legumes ingeridos no almoço mas, ao respirar fundo e aguardar pacientemente uns minutinhos descobrimos que tudo não passava de gases que se liberados num arroto de desbancar qualquer tenor, nos faz voltar ao estado saudável quase idêntico ao que estávamos no momento em que entramos no carro?
Então, estou aqui tentando diagnosticar um enjôo pra lá de estomacal, mas com a sensação lancinante de que a real causa foge a minha percepção atual, mas que a qualquer momento pode explodir numa desagradável e talvez sonora surpresa!?
Seja minha falta de atitude crônica diante da vida, seja meu passado mimado ou meu ritmo nefelibata de ver o mundo, seja minha falta de grana ou vocação pro capitalismo consumista desenfreado ou ainda minha apatia e sonolência diante dos incêndios que parecem maiores do que meu balde é capaz de apagar
Seja lá qual for o real problema, acho que esse diagnóstico vai encontrar muitos agravantes pelo caminho.
Mudando a estação da rádio, me surgiram questionamentos (meu word não reconhece essa palavra nem sugere qualquer outra - será um reflexo desse mundo tecnológico raso, intuitivo e cheio de manuais para que não restem dúvidas sobre os manuseios de quem nos manuseia e que ninguém lê por já se achar esperto demais para entender o funcionamento das coisas?) triviais e supérfluos que não quero dispensar...
quantos exemplares da mesma espécie você admira?
quantos realmente FAZEM, ATUAM, SE SUJAM e EMBRENHAM por uma real mudança?
quantos posam de benevolentes, agem por meio de terceiros?
pagam pra outrem fazer e enchem a boca pra dizer que fazem?
terceirizar esse tipo de coisa é comprar a ação de alguém para que não se perca um tempo precioso ao seu próprio ego fazendo aquilo que não se tem vontade, mas que por conta da mídia acha-se necessário sua feitura para o bem comum de que tanto se fala.
Uma vez ouvi - "Quem quer faz. Quem não quer inventa desculpas".
Podemos adaptar para: quem quer faz. quem não quer, paga para outro fazer.
Nem sempre o tempo útil corresponde ao nosso tempo de vida.
Chego aos 25 sem saber o quanto realmente aproveitei em causa própria ou em causas relevantes.
Talvez eu tenha dispensado uns bons anos com novelas e desnecessidades que nem me lembro agora.
Talvez eu chegue aos 26 tendo vivido somente 7. É interessante e frustrante pensar num tempo paralelo à vida onde só contabilizamos relevâncias para o bem comum, ou onde o bem comum funde-se com o próprio bem.
Essa ideia bate com o espírito de se sentir sempre incompleto diante do mundarél de coisas que ainda não foram aprendidas e coincide com o fio condutor da crônica da Martha para a revista do Globo de hoje.
Aliás, hoje fechamos os 10 primeiros dias do ano de 2010 e também da segunda década do novo milênio.
Decimais à parte, voltemos a estação da rádio de origem deste post.
Mais antes uma menção ao fio condutor de que falei: (queria colocar um link pra coluna - mas esse jornal nada liberal não disponibiliza nenhum trecho on-line das colunas a menos que vc pague uma mensalidade aburda.)
Enfim, ela começou a coluna de hoje com uma dedicatória de um livro que dizia: "À memória de Jennifer Moyer, que deixou tudo melhor do que havia encontrado."
[o que vc anda fazendo para que a próxima hora seja melhor que a passada, para que seu presente, altere o futuro dos que te cercam para melhor?]
{break de 26 minutos encabeçados pela distração de uma chamada no gtalk}
Voltando ao desconforto, e se bem me conheço, a rotina, ou a falta de novidades rotineiras pode ser um dos ingredientes dessa crise sem sinopse que me deixa disperso, sem vontade de agir, inerte, intercalando a aflição com a total falta de noção e de ação, a preocupação com a vontade de jogar tudo no lixo...
não sei de onde veio tudo, ainda, nem sei pra onde todo esse post vai, mas pensei aqui com meus botões e mouses,
o verão, quando cansa de ser verão, experimenta um ar de outono, já ensaiando sua temporada enquanto inverno.
Então acho que no fim das contas não há final seco, corte exato.
Há uma transição quase imperceptível que nos faz deslizar de um estado gasoso para o líquido e de novo para o gasoso, dessa vez em menos quantidade, com ar mais envelhecido e uma expertise, ainda que incompleta, um pouco mais chacoalhada e decantada.
Quem sabe a crise dos 25 não é uma febre que indica - ó, tá na hora de virar a esquina, ensaiar uma folhar caindo e se preparar pra nevasca. E quem venham flores, sóis e bemóis.
Assim como um impacto de uma ressaca, com a idade, vai pesando mais sobre o corpo, a crise com o tempo, pode parecer um pouco mais difícil de solucionar. Ou talvez nem careça de solução, só de transformação.
E que venha novos sonhos e novos dias.
Por hoje é só.
Se eu sentir vontade de externar mais algum desconforto, corro pra cá.
Até
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Durante esse texto foram pesquisadas num dicionário on.line as palavras: anagrama, anacrônico, acróstico, lancinante, dízima, decimal.