[perdi a torneira d'onde jorrava meu atrevimento]
duas horas com a página aberta e um texto à espera.
três telefonemas, um trabalho à fazer, muita besteira (longe de menosprezar, compartilhando com a pessoa certa, torna-se vital), e enfim me volto ao monitor pronto para deslizar pelo post sobre os 150 anos de Madame Bovary, escrito pela Tiburi em seu BlogLog.
O dia não foi harmonioso, e quem precisa afinar o dia se a noite nos presenteia com uma lua dessas?
diga-me, Pq olhar pr'aquela página virtual com o besouro pairando sobre a caduquice da tal madame que nunca li me despertou a vontade de abrir este bloco, também virtual, para com minhas falhas digitais batucar num ritmo desordenado, e indigno de ouvintes, este texto que por vós é lido e que não obstante nunca será comentado?!
ou pq nunca me recordo da regra dos "por:quês", abreviando-os sempre nas duas consoantes que casadas, nenhum som deveriam produzir?
pê+quê não dão vez ao r, ao o, e só simpatizam com e e u, por questões existenciais, como crianças "donas" da bola que extirpam da memória dos amigos "não merecedores" momentos mágicos com a redonda.
e onde moram as coisas antes de serem filtradas pelos nossos sentidos?
Onde moravam todos os santanas quantum brancos com frisos vermelhos antes de meu pai comprar o seu? e de onde surgiam tantos quand'eu bisbilhotava de seu interior os trânsitos ao redor?
onde morava a escassez antes de eu aprender essa palavra? e as redundâncias que inundaram minha vida após descobrir o significado de tal significante?
talvez por conta de todo esse mistério, chamemos de significantes àquelas pessoas que depois de morar um tempo em nossa retina e concertar para o encanamento de nossas memórias, são vistos, imaginados e projetados em cada caneca, retrato, esquina, sinal fechado, armário aberto, café cuado e espelho quebrado que nos cruzam a nuca, e no ápice de um momento inventado, invadem os pêlos, atiçam as narinas e irrigam as palmas enquanto pulsamos plaquetas e produzimos gametas em corpos não nossos chafurdados em idéias.
pra quê jogar ao vento coisa tal qual tormento, bigorna e maçã que de ballet não entendem e da queda não sentem nada além de um mal alinhavado traço, em linha lerda, ora perfeita, que outrora estatela e dos olhos só roubam um momento pra lá de palerma?
ao vento taquemos roupas, letras, plumas, jornais, areia e plásticos sacos solistas que nos enchem os ouvidos com clássicos ao piano, órgão, violino e cítara, e nos aprisionam em caixinhas, apertados entre o anel de formatura d'avó e um banhado rolex realizado em pontuar-se apenas uma vez a cada manhã!
deleitemo-nos pois com tal heresia, pois aplaudem em silenciosos reflexos, o brilhante pas-de-deux em plena luz do dia.
dê corda, menina, cá embaixo que lá em cima já não há clima e antes que a tampa metida nos roube a claridade, quero um pouco mais de leveza, rodopios e saudades.
ora pois, seu chico, não jogue pedras na geni
que as mereço muito mais
pois cusparadas também são bem vindas
às mãos deste pobre rapaz
que aos vossos olhos relampeja
um pouco de palavras desconexas e nada mais.
boa noite ao andarilho que por paciência aqui chegou,
sem muitos assobios parta logo sem rancor,
que não há mais arparia que me torne ainda imune
à sua ira intraduzível pelo tempo perdido neste post sem amor.
quando eu ler o post da tiburi, volto e comento o que necessário for!
[perdi a torneira d'onde jorrava meu atrevimento, recom.penso qualquer gentil encanador]