textão de privilégios e direitos
alerta textão!
(work in progress)
Quando se nasce em uma família de privilégios, de quaisquer tamanhos, existe uma tendência da naturalização desses privilégios enquanto direitos merecidos, e dos direitos básicos enquanto privilégios herdados. O acesso a educação de qualidade é um direito básico convertido em privilégio daquele que pode pagar. A saúde, através do plano pago, idem. Segurança para ir e vir é direito básico particularizado, privatizado, pago. Seja em condomínios, na porta da escola, do aeroporto, estações de metrô ou rodoviárias, na porta dos shoppings, do restaurante, o segurança da rua, que cuida para que não violem os carros, o carro blindado. O bom advogado. Direitos pagos, portanto privilégios de quem pode pagar. O ir e vir sem necessidades, o consumo diário sem contar moedas, a vaga garantida em empregos, em universidades, o ter voz, ser ouvido, o respeito, a insuspeita, a permissão de entrada em lugares, as viagens, compras extras, comida e roupas da moda, o conforto, o acesso a tecnologias e informações, conhecimentos, outras culturas, a multiplicidade de opções, escolhas, a compreensão da lei, a interpretação tendenciosa da justiça, são privilégios garantidos por mais que o dinheiro, mas muito por conta dele. Do asseio, da imagem, do comportamento espelhado no entorno que ele proporciona.
Privilégios entendidos como direitos merecidos.
E nessas inversões, os desprivilegiados, também dos direitos básicos, tornam-se figuras, no espelho da ganância, vilanizadas, usurpadoras, aqueles que ameaçam direitos e privilégios apenas por não os possuirem e por eles lutarem. Malandros, preguiçosos, bandidos, ladrões, violentos, avarentos, desejosos do que não tem, porque o estado não provém, e garante que nunca terão. O privatizar aumenta a fenda, aumenta o abismo, fortalece a manutenção dos privilégios através da manutenção da miséria.
A precarização de serviços básicos é um programa de governo que enterra massas (minorizadas pelo poder do capital) com falta de estrutura e mantém minorias privilegiadas (masterizadas pelo poder de compra) como pagadores sorridentes do que deveria ser gratuito e direito de todos.
A arrecadação do Brasil atenderia a todos, a mais programas inclusivos, a dignidades e acessos, se a bacia não tivesse furada pelos desvios, se o dinheiro público não fosse entendido como menor que o privado, como aquele que se destina aos menores, logo não precisa servir ao que se propõe, afinal o povo nem sabe porque vota, quais são seus direitos. Desvia-se o rio que ninguém vê, desmata-se a floresta que ninguém habita. O poder e o controle da magnanimidade de um país cujas dimensões são imensuráveis ou pouco concretizadas na construção de um pensamento popular, leva a um sequestro de riquezas que pouco se tem clareza das aplicações.
Esse sequestro dos valores, do investimento no básico, produz os meritocratas desumanos, que reclamam sentados em seus carros, aconchegados em seus tetos confortáveis e adornados, dos programas que não atendem à manutenção de seus salários e consumos. Também produz alienantes crendices que colocam entidades religiosas em papéis de usurpadores de uma massa pouco crítica, enriquecendo charlotonices espirituais em nome de uma salvação da miséria gerada pela própria manutenção dos privilégios.
Salva-me de ser aquele cujas políticas do país criou e estampou a vilania como saída natural à sobrevivência.
Anotações de memória dos últimos tempos, das últimas lutas.
Entendimentos carentes de respostas concretas, mas em constantes atualizações e reformulações.
Com tempo as atitudes podem mudar, ser diferentes.
Vamos fazendo com consciência e busca por justeza (porque justiça já virou outra coisa).
Alerta o textão chegou ao fim!
atenção sempre!
Para ler tb
https://awebic.com/democracia/ninguem-e-a-favor-de-bandidos-e-voce-que-nao-entendeu-nada/