NZT - transforme-se!
Acabo de assistir Sem Limites (limitless), o filme, e me resta uma pergunta - que talvez tenha impregnado a cabeça da maioria dos espectadores - "E se fosse comigo?".
Não falo da droga, a possibilidade da posse de algum medicamento como aquele, nem me passa pela cabeça. Surreal demais (que uma coisa dessas, ainda que exista, caia nas minhas mãos). Mas e se fosse possível atingir um nível de atenção, inteligência, objetividade, compromisso e concentração tão amplo quanto àquele do filme? De maneira natural, é claro?
Afinal, tudo parece tão absurdamente vazio e sem sentido, daqui, do meu posto, do mirante d`onde vejo o tempo, irreparável e irrefreável, avançar uma unidade de cada vez.
(*suspiro*)
Então começam os planos, os métodos através dos quais, poderia vir a ter um pouco mais de atenção (quem sabe até dobrar a que tenho hoje), comprometimento, rédeas, objetividade, inteligência... quem sabe?
Listinha mode:on
- parar de fumar
- aprender a beber (o suficiente pra ficar desinibido, leve, mas não embriagado)
- começar a correr, fazer exercícios (praticar alguma atividade que me traga prazer pessoal - corrida traz um pouco - deve ser a serotonina, adrenalina, ou qualquer outra química dessas que nosso corpo produz pra satisfação e bom funcionamento próprios.)
- dormir cedo
- acordar com o sol
- arrumar o necessário
- descartar o desnecessário
- aprender a me dedicar a algo que não beneficie só o meu umbigo
- controlar a ansiedade
- tentar ser mais sincero comigo
- ter mais confiança nos outros (e em seus julgamentos)
- aprender a não julgar tanto (mas nem por isso voltar a ser ingênuo)
- externar monólogos internos (mesmo que o diálogo seja bate-volta no divã de um analista)
- ser mais objetivo (e não tão subjetivo e disperso em assuntos, funções e interesses como sou hoje. veja bem, interessar-se por uma cartela pra lá de plural de assuntos nunca foi negativo, mas querer dominar todos e me sentir na obrigação de ter conversa fluente com qualquer outro ser conversador, só me levou, até hoje, a consumir e acumular fontes que me desinteressam em 3 linhas ou 40 páginas)
- aprender a respirar melhor (e a controlar isso)
- meditar
- conhecer melhor meus limites, meu corpo e cuidar dele
- saber ouvir
- melhorar a alimentação
- controlar os sentimentos
-
vou parar por aqui, senão começo a ficar repetitivo demais, iludido ou zen demais pro meu gosto. (e disperso no assunto principal, que é aumentar a quilometragem por litro)
O fato é, dessa lista pequena, sei o que consigo, o que posso e o que devo fazer, mas não começo. Por quê?
Não sei dizer, mas quem sabe um analista soubesse.
Sometimes a clareza e consciência simplesmente aparecem, e tudo se encaixa. seus sentimentos não te traem, seu poder auto-sabotador não põe as manguinhas de fora e tudo isso dura tão pouco que ao acordar no dia seguinte você se sente incapaz até de sair da cama. Talvez sejam as cobranças, a falta de organização e sinceridade, a falta de percepção de que é necessário fazer tudo numa ordem viável. Querer devorar o mundo sem antes se alimentar, tomar um bom banho e fazer uma pequena lista de tarefas possíveis, em escala gradativa de necessidade de atenção e empenho de forças, pode ser impossível. E percebo, nos últimos tempos, que acordo com uma ânsia, uma necessidade de acordar pronto, de estar alerta, que começo até mesmo a duvidar se eu dormi. Desconfio que quando meu corpo me cobra mais de 12h de sono, o que não tem sido esporádico, é pela falta de dispersão e imersão no sono, no descanso. Posso acordar com o corpo um pouco mais relaxado, mas a cabeça, no momento em que se torna consciente, já se cobra uma 5ª marcha de cantar pneu, perder a direção e bater no primeiro poste do caminho. Dito e feito. Na primeira possibilidade de desestabilização de humor, de fragilidade, de cobrança, lá estou eu, esbravejando, querendo correr, fugir, chorar, ou tacar mil copos contra a parede.
Incrível esse estado de descontrole, emocional e químico, em que percebo me encontrar.
A percepção da situação não é nova. Tem pelo menos uns 4 anos (que reclamo me sentir um pouco menos inteligente, com uma capacidade pra lá de defasada.) Mas é novidade conseguir jogar na minha cara a falta de movimento e motivação contra essa corrente que me joguei, sem entender que era preciso nadar. Preciso me tornar oposição de mim mesmo - que redundância feia - se quiser mudar, tomar outro caminho, escrever outro presente, com uma possibilidade de futuro um pouco mais brilhante. O discurso não é acompanhado pela ação. Melhor, não tem sido.
E isso pode mudar. Com NZT, ou com um pouco mais de paciência e atitudes diárias.
Mudar não é fácil, mas o entendimento do que é dificuldade, num momento como esses - ou em qualquer outro - pode se transformar diante da força, do empenho, da percepção e do entendimento aplicados em determinada ação, rumo a determinado objetivo.
Tudo muito incerto, mas quem disse que o impossível reside no presente? Ele é sempre protagonista do futuro, do inexistente. Tudo é possível, só por hoje, só agora, e o futuro deve ser afinado(redesenhado, atualizado) sempre ao final de cada tarefa.
Será?
Pagarei pra ver. Mas só amanhã, porque agora preciso entender que dormir é minha única opção, dentro das possibilidades de mudança que acabei de me propor. É o que me cabe fazer às 2 da manhã, com cabeça e corpo cansados, sem companhia, de barriga cheia e casa limpa.
Que amanhã seja único, como pode ser qualquer percepção de um repetido dia.