mercredi 5 février 2014

absurdo!



EL JUSTICIERO CHA CHA CHA


Esse fato do rapaz preso pelos 'justiceiros' e todas as opiniões que vi pipocarem na minha timeline me tiraram alguns chãos, chacoalharam incertezas e quebraram vidraças da minha imaginada sociedade de vidro, carne, contradições e 'bons sensos'. e confesso que esse texto me trouxe um pouco de conforto. (como a opinião da Talitha Ascoli que li ontem!)

essa justiça com as próprias mãos é um perigo, em qualquer nível.

concordo que eu seria um assassino em potencial se tivesse armas na mão em momentos de raiva. quem me conhece provavelmente já me ouviu dizer da vontade de apedrejar os ônibus que me sacaneiam quando passam sem parar pelo ponto, pra citar o mínimo de fantasia que vivo nesses momentos (sim, pq consigo ver a pedra atingindo o vidro e depois a cabeça do motorista).

e é bom que lembrem que aqueles atiradores adolescentes que promovem chacinas em suas escolas também estão buscando 'justiça' com as próprias mãos contra anos de ambiente hostil e bullying sofrido.

e acrescente na soma o estado omisso, os preconceitos de classe, de raça enraizados na sociedade brasileira (esse microcosmo que é muito mais complexo que sua reunião de condomínio), a cultura dos super-heróis justiceiros, a faxina social consentida pelo seu silêncio e inação, a coisificação dos seres humanos, a valorização do bem material, do dinheiro sobre outro ser e vc terá um cenário onde uma pessoa vale menos que um trauma de assalto e um iphone perdido. se vc usar o trauma do roubo como justificativa pro espancamento e pro 'encoleiramento', terá jogado no lixo a mesma lei, que ainda que tenha falhas de aplicação, vc defende quando lhe convém.

E se vc vivesse na lógica de uma sociedade que condena o sexo antes do casamento e oprime violentamente as mulheres que anseiam pela liberdade dos seus desejos, então um estupro coletivo decidido e executado em praça pública seria sua justiça com as próprias mãos, não? justificado pelas suas crenças.

a parte todas as diferenças culturais e religiosas, se pergunte um pouco sobre os limites do seu sentimento de humanidade (e onde vc o aplica).

bom, não importa o quanto vc paga pela sua segurança, isso não te faz imune ou não te protege numa bolha do resto da sociedade. fugir o quanto pode e ignorar o quanto consegue não conserta os problemas, nunca consertou.

e só pra tentar fechar uma linha de reflexão, daquelas q não se tem todo dia, quando vc é assaltado e morre de raiva e tem vontade de ferir ou revidar sobre o fdp que lhe tirou parcelas do seu suado trabalho, lembre-se que não é pessoal, vc e ele fazem parte de um mecanismo mais engenhoso, falho e como disse o autor do link, orgânico do que naquele momento vc pode supor, qual seu papel no jogo de poder? como vc se relaciona? achar q não se relaciona, não te isenta da culpa pela repetição, deturpação de valores e cultivo de preconceitos. óbvio q tudo isso na minha opinião. opinião de quem falha, também titubeia e se omite frente à muitos erros humanos e sociais no dia a dia. as respostas e soluções pros problemas do dia-a-dia (pessoais e coletivos) não vem com receita e nem ficam prontas com 1minuto no microondas, as we wish!


[postado originalmente no facebook]


dimanche 19 janvier 2014

mudo

que não faltem energia, vontade e impulso para que mudanças ventem em mim e no calendário troncho por onde passeio!!


- Posted using BlogPress from my iPhone

mardi 5 novembre 2013

lampejos de insônia

Acho que nasci(emos) na época da construção dos conglomerados.
Dois gráficos deste link (que me despertou todo esse arranjo a seguir) mostram movimentações de 80 e 90 pra cá.
Acho que nasci(emos) na época da construção dos conglomerados.
Dois gráficos mostram movimentações de 80 e 90 pra cá.

É muita discussão, ensino e aprendizado, venda de livros, buscas incansáveis sobre como VENCER A CONCORRÊNCIA, enterrar o adversário ou FUNDIR e DOBRAR OS LUCROS.

Quem tem tempo de plantar, criar, construir com as mãos, compartilhar quando trabalha pra comprar? e pra comprar o seu!? pra si? Quem quer tempo pra isso, pra si, pros outros, se a troca for por um menor poder de compra?

Não compramos nada além de ilusão.
"The Illusion of Choice"

Isso me fez lembrar o cancelado seriado Touch e sua ilustração de uma mega empresa que raptava 'inteligências' pra dominar o mercado através da descoberta de um algoritmo 'sagrado' capaz de prever padrões comportamentais, econômicos (o futuro) ou algo desse tipo. Era citado como a sequência de Deus.

E o que fazemos online senão fornecer dados de consumo, interesses, expectativas, em suma comportamentos de quem trabalha pra comprar!?

Quando vc escolhe uma carreira, uma graduação, uma visão política, quando você escolhe um produto, vc é uma célula de atuação econômica, social e política. Parece tão claro que não entendo quando alguém se faz de rogado.

A ignorância é benção mesmo, pra quem tem medo de se ver fora do controle da própria vida.

No hay banda. No hay controle.

Eu, como qualquer outro, anseio pelo consumo, seja de um produto físico, de uma ideia, de um ideal, de um estilo de vida, de um pedaço de tempo/espaço/ações pra chamar de meu.

Passar pela vida sem fazer cosquinha no mundo certamente não é passar pelo mundo sem ser atados em algumas cordas, sem receber alguma atenção das estatísticas.

Sabe o jargão :você não está preso no trânsito, você é o trânsito!: Então...
Não há sistema! Você é o sistema. Peça fundamental de um arranjo 'impossível' de se enxergar macroscopicamente, 'impossível' de entender microscopicamente.

Enquanto isso vivemos em busca de prazeres e entretenimento. Um preenchimento anestesiante dos dias. Algo que faça valer a pena as suadas horas em que nossa bunda fica sentada trabalhando pelo dinheiro que cairá no fim do mês.

é mta paranóia? sei lá. Mas não há outro mundo, né?
Isso me lembra da incrível Besta é tu dos Novos Baianos (de refrão martelante e cadência sensual que pergunta fazendo carinho de pena que sacode o corpo - Porque não viver? / Não viver esse mundo / Porque não viver? / Se não há outro mundo / Porque não viver? / Não viver OUTRO mundo...)
E da felicidade proporcionada pela interação social/afetiva com alguns poucos que vão cruzando meu caminho, (ultimamente e) quase sempre através de um bom lubrificante social alcóolico e gelado!

Afinal, o que servem as mesas de bar, senão pra discutir visões de mundo?
O que acham? Quem topa uma gelada pra falar mais do assunto?